Existe uma tendência
natural no homem de ser um ser auto-centrado, de se ocupar demais com os seus
interesses e com os seus afazeres e, em detrimento, se esquecer de adorar a
Deus. Por esse motivo, o quarto mandamento começa com o verbo “lembrar”.
Lembra-te!
Antes de expor qual é a
visão correta da guarda do Shabat cristão, devemos responder a pergunta: O
mandamento do sábado é uma lei moral ou cerimonial?
R=O mandamento faz parte
da lei moral de Deus, da lei que não foi abolida em Cristo, da lei que
permanece, pois Ele faz referencia ao episódio da criação. Se dissermos o
contrário, estaremos quebrando a unidade da lei de Deus. Além do mais, alguém
poderia manipular a interpretação dos outros nove mandamentos e dizer que eles
também foram cerimoniais ou restritos aos israelitas.
I-O SIGNIFICADO DE SHABAT NA ESCRITURA
O termo significa
literalmente “descanso”, de modo, que o texto poderia ser traduzido assim:
”Lembra-te do dia de descanso para o santificar”. As escrituras nos falam de
três diferentes sábados:
1-O “descanso” de Deus
“E havendo Deus
acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua
obra, que tinha feito.
E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou;
porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera”. (Gn 2:2-3). Esse descanso de Deus seria exemplo e uma figura do descanso
prometido aos seus (Hb 4:9) “Portanto,
resta ainda um repouso para o povo de Deus”.
2-O “sábado judaico”
É bom que se diga que não existe
evidencia histórica da guarda do sábado antes do êxodo.
Em Dt 5:15 onde há uma
repetição do decálogo, se diz:” Porque
te lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que o SENHOR teu Deus te
tirou dali com mão forte e braço estendido; por isso o SENHOR teu Deus te
ordenou que guardasses o dia de sábado”. O
motivo da ordenança específica de Deus para Israel tem um propósito redentivo.
Este sábado judaico com todas as suas exigências era um sinal entre Deus e o
seu povo (Êx 31:13-17) “Tu, pois, fala aos filhos de Israel,
dizendo: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre
mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o SENHOR, que vos
santifica.
Portanto guardareis o sábado, porque santo é
para vós; aquele que o profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele
fizer alguma obra, aquela alma será eliminada do meio do seu povo. Seis dias se trabalhará, porém o sétimo dia é o sábado
do descanso, santo ao SENHOR; qualquer que no dia do sábado fizer algum
trabalho, certamente morrerá. Guardarão,
pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações por aliança
perpétua. Entre mim e os filhos de Israel
será um sinal para sempre; porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra,
e ao sétimo dia descansou, e restaurou-se”.
O sábado judaico não era primordialmente um dia de adoração,
mas sim, um dia de descanso. O padrão de adoração semanal não existia na lei do
AT. A sinagoga foi quem introduziu isso no período intertestamentário, e no NT
nós vemos essa prática promovida. No AT a adoração era centrada na família e
acontecia diariamente. Embora, o povo de Deus se reunisse solenemente em várias
ocasiões.
Várias leis regulamentavam o descanso no sábado (Êx 34:21)
“Seis dias trabalharás, mas ao sétimo dia
descansarás: na aradura e na sega descansarás” além de proibir o trabalho braçal, a compra e a venda também
eram proibidas (Ne 13:15-19).O trabalho doméstico também era proibido (ÊX
35:3) “Não acendereis fogo em
nenhuma das vossas moradas no dia do sábado”.
3-O
sábado cristão:
A
igreja como o novo “Israel de Deus”(Gl
6:16) passou a guardar “Dia do Senhor”(Ap 1:10) mostrando que a essência do
sábado cristão é o descanso pela vitória da ressurreição.
Basta
uma lida no NT para constatarmos que não foram poucas as controvérsias que
envolveram o Senhor Jesus e os judeus da época a respeito do sábado. Em (Lc 6:5) “O Filho do homem é
Senhor até do sábado”.
Jesus mostrou
àqueles homens que a redenção é a essência do quarto mandamento (Mt 12:11)” E ele lhes disse: Qual dentre
vós será o homem que tendo uma ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não
lançará mão dela, e a levantará?” (Mc 3:4) “E
perguntou-lhes: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida, ou
matar? E eles calaram-se”. (Mt 12:1-8) a respeito de colher espigas. De
maneira que, resgatar um animal, curar um doente e matar a fome dos famintos
são atos redentivos.
Frequentemente os sabatistas acusam
os cristãos históricos de adulterar o quarto mandamento, e dizem que foi o
Imperador Constantino quem instituiu a guarda do Domingo em 321 D.C
*Quem mudou o dia de sábado do sétimo para o primeiro dia da
semana?
A resposta é o próprio Senhor
Jesus! Ao cumprir a sua obra de redenção dissipando as sombras do AT (Cl 2:16,17)” Portanto, ninguém vos julgue
pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou
dos sábados,
Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo
é de Cristo”. Isto
porque a ressurreição de Cristo consumou tudo o que o sábado simbolizava;
consumou a nova criação, uma vez que o sábado representava a primeira
criação; consumou a nova libertação, uma vez que o sábado representava a
libertação do Êxodo.
No Novo Testamento vemos
que o Senhor Jesus ressuscitou no Domingo, o primeiro dia da semana (Mt
28:1ss).Aparereceu aos apóstolos nesse dia: “Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e
cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado,
chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco. (Jo 20:19) A partir daí os cristãos passaram a guardar o Domingo (At 20:7)” E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para
partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e
prolongou a prática até à meia-noite. Este acontecimento é narrado por Lucas 15 ou 20
anos depois de Cristo. O dia de pentecostes foi num domingo (Lv 23:15,16),
também era nesse dia que os cristãos se reuniam recolhiam as ofertas (1Co
16:2).
Na epístola aos Hebreus,
o sábado é interpretado e tem mais uma vez o seu sentido enriquecido. Ele
simboliza o descanso do povo de Deus em Cristo, a paz em que vive o crente
por haver sido perdoado e, afinal, o descanso que encontrará no céu, livre
do pecado, do diabo e das corrupções do mundo.
Devemos, todavia, ter em
mente que a razão maior do sábado é o próprio Deus, pois o sétimo dia é “o
sábado do senhor” (Ex 20:10). Por isso o Domingo se tornou o dia ideal
para ser o dia do Senhor, pois nele celebramos um memorial à Sua
ressurreição, a maior obra que Ele realizou aqui na terra.
II COMO GUARDAR O SÁBADO CRISTÃO
Guardar o dia do Senhor
não deve ser considerado como mera tradição, nem tão pouco deve ser encarado
como legalismo. Muitas pessoas acham que os mandamentos de Deus são
restritivos. Nós corremos o perigo de enfatizar apenas o aspecto negativo
desse mandamento quando dizemos que não se devem fazer determinadas coisas
nesse dia, mas esquecemos de dizer que existe um aspecto positivo na guarda desse
mandamento e que também devemos fazer determinadas coisas nesse dia.
Já ouvi de cristãos
professos que o domingo é um dia tedioso, outros acham que esse dia é reservado
para o lazer. Mas esse dia é um dia que deve ser usado por nós para a nossa devoção
a Deus e meditação na sua Palavra, como nos diz a nossa confissão de fé cap.
XXI, VIII:
“Este
sábado é santificado ao Senhor quando os homens, tendo devidamente preparado os
seus corações e de antemão ordenado os seus negócios ordinários, não só guardam,
durante todo o dia, um santo descanso das suas próprias obras, palavras e
pensamentos a respeito dos seus empregos seculares e das suas recreações, mas
também ocupam todo o tempo em exercícios públicos e particulares de culto e nos
deveres de necessidade e misericórdia. Exo. 16:23-26,29:30, e 31:15-16;
Isa.58:13”.
Deveríamos
ansiar pela chegada desse dia, todas as semanas das nossas vidas!
Conclusão: Aplicação
1-Devemos confessar que
temos sido negligentes na nossa observância do quarto mandamento (esse
mandamento é acultural), não é por que a nossa cidade trabalha de domingo a
domingo que nós devemos seguir essa cultura materialista.
2-Quando observamos o
quarto mandamento, vemos o quão bondoso tem sido o nosso Deus em determinar
desde a criação que houvesse repouso para o nosso corpo, mente e alma.
3-O descanso prometido e
prefigurado no antigo pacto é finalmente alçando na ressurreição de Cristo, "O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação" (Rm 4:24).
Que Deus nos abençoe!
Jairo Rivaldo
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