domingo, 30 de setembro de 2012

O Quinto Mandamento: A Honra ao nosso Deus Através da Honra aos Nossos Pais- Êx 20:12


Introdução:

Em (Mt 22:36-40) está escrito: “Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”.

Nesse texto Jesus sintetizou o decálogo, pois a primeira tábua da lei resume o nosso dever de amar a Deus, e a segunda tábua fala do nosso dever para com o nosso próximo. Quando o Senhor fala do nosso amor a Deus acima de todas as coisas, ele faz uma referencia aos primeiros quatro mandamentos do decálogo, e quando fala do nosso amor ao próximo, ele se refere ao restante do decálogo.

Muitas vezes esse texto é citado como prova de que agora, sob o novo pacto, esses são os únicos mandamentos obrigatórios para o cristão. Contudo, esses dois mandamentos não foram introduzidos como uma novidade pelo Senhor Jesus, mas sim como uma repetição da lei de Deus na antiga aliança:

(Dt 6:4,5) “Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças”. 

 (Lv 19:17,18)  Não odiarás a teu irmão no teu coração; não deixarás de repreender o teu próximo, e por causa dele não sofrerás pecado. Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR”. 

A partir de hoje falaremos sobre esses deveres que temos para com o nosso próximo e, pra começar, vamos falar sobre quem está mais próximo de nós (que são os nossos pais).


I- O VALOR QUE DEUS CONCEDE A FAMÍLIA

Dos dez mandamentos, quatro tem uma relação direta com a família: “honra teu pai e tua mãe”, “não adulterarás”, “não furtarás” e “não cobiçarás”. Note que o texto de Êxodo não fala do caráter moral dos nossos pais ou de que só devemos honrá-los se eles nos honrarem. A importância que Deus dá a família e especificamente a esse mandamento fica evidente nas punições que estavam prescritas para quem desonrasse os seus pais:

“E quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente será morto”. (Êx 21:17).

“O que ferir a seu pai, ou a sua mãe, certamente será morto”. (Êx 21:15).

“Quando alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedecer à voz de seu pai e à voz de sua mãe, e, castigando-o eles, lhes não der ouvidos, Então seu pai e sua mãe pegarão nele, e o levarão aos anciãos da sua cidade, e à porta do seu lugar; E dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz; é um comilão e um beberrão. Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão, até que morra; e tirarás o mal do meio de ti, e todo o Israel ouvirá e temerá”. (Dt 21:18-21).

O interessante é que a punição para quem desonrasse os seus pais era igual a que era aplicada a quem desonrasse o nome de Deus (Lv 24:16). Isso significa que Deus considera a autoridade dos pais como uma autoridade delegada por ele. Segundo Rousas John Rushdoony:

“O quinto mandamento ao falar dos pais e, por implicação, de todas as autoridades ordenadas por Deus, está estabelecendo em primeiro lugar a autoridade de Deus”. 

O catecismo de Heidelberg escrito por volta de 1560

 104. O que Deus exige no quinto mandamento?

R. Devo prestar toda honra amor e fidelidade a meu pai e a minha mãe e a todos os meus superiores; devo submeter-me à sua boa instrução e disciplina com a devida obediência (1), e também ter paciência com seus defeitos (2); porque Deus nos quer governar pelas mãos deles (3).

O catecismo maior de Westminster

124. Que significam as palavras “pai” e “mãe”, no quinto mandamento?

R-As palavras “pai” e “mãe”, no quinto mandamento, abrangem não somente os próprios pais, mas também todos os superiores em idade e dons, especialmente todos aqueles que, pela ordenação de Deus, estão colocados sobre nós em autoridade, quer na Família, quer na Igreja, quer no Estado.
Isso está em concordância com (Lv 19:32) “Diante das cãs te levantarás, e honrarás a face do ancião; e temerás o teu Deus. Eu sou o SENHOR”.

II A FAMÍLIA SOB ATAQUE

Vivemos em dias em que a autoridade da família é constantemente atacada através da mídia, do governo, dos intelectuais, do movimento feminista etc. há quase cem anos Sigmund Freud escreveu que:

“o pai primitivo era violento e expulsava de casa os filhos homens para possuir sexualmente a mãe e as filhas, mas certo dia, os filhos voltaram, mataram o pai o comeram e depois possuíram a mãe e as filhas sexualmente”. Segundo Freud, a sociedade começou a condenar o parricídio, o canibalismo e o incesto por conta do remorso que o homem primitivo sentiu a partir dessas ações. Mas essa abordagem de Freud é, na verdade uma maneira de tentar secularizar a família, ou tentar torná-la mero produto do evolucionismo.

Contudo, a palavra de Deus nos assegura que a família é uma instituição do próprio Deus (Gn 1:27,28) “E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 2:24) “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”.
 
III JESUS E O QUINTO MANDAMENTO

Como cumpriu perfeitamente a lei de Deus, Jesus não poderia deixar de ser o maior exemplo de honra ao quinto mandamento.

(Mateus 15:1-6)“Então chegaram ao pé de Jesus uns escribas e fariseus de Jerusalém, dizendo:Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos quando comem pão. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição? Porque Deus ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá. Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim; esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe, E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus”.

1-Um Mandamento para os adultos. (a responsabilidade de cuidar dos seus pais na velhice).

2-Não podemos reinterpretar os mandamentos de Deus (por mais “santa” que seja a nossa intenção).

Ao contrário do que muitos pensam Jesus não tratou os seus pais segundo a carne com desdém. Alguém que leia (Mt 12:47-50) “E disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, que querem falar-te. Ele, porém, respondendo, disse ao que lhe falara: Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos? E, estendendo a sua mão para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe". Pode ter a falsa impressão de que ele tenha feito isso, mas precisamos entender o contexto em que Jesus disse essas palavras e qual era a sua intenção. Aqui Jesus quis deixar bem claro que nada pode estar entre Deus e o homem nem mesmo a sua família de sangue. Ele já disse isso em outro lugar (Mt 10:37) “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim”. (Lc 2:51) nos mostra que Jesus era obediente aos seus pais E desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava no seu coração todas estas coisas”. 

Ainda quando estava na cruz Jesus não se esqueceu da sua responsabilidade para com a sua mãe (o seu pai provavelmente já tinha morrido). 

(Jo 19:26-27) “Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa”.

IV A PROMESSA DE VIDA ANEXA A ESSE MANDAMENTO
 
(Ef 6:1-3) “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa; Para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra”. 

(Ex 20:12) “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR teu Deus te dá”. 

Diante dessa promessa com certeza alguém dirá: “mas eu conheço alguém que era um bom filho, mas morreu jovem”. Isso é administrado de acordo com a providencia e soberania de Deus! Devemos nos lembrar que todo filho de Deus tem algo superior à vida longa e à prosperidade material: ele tem a vida eterna e uma herança celestial, ele é co-herdeiro com Cristo e herdeiro do reino dos céus!

CONCLUSÃO:

Quero concluir com três aplicações para nós.

1-O respeito e a honra que demonstramos pelos nossos pais naturais são uma ilustração da honra que devemos prestar ao nosso Deus.

2-Diante de tudo que ouvimos, devemos fazer uma reflexão, pois certamente todos nós de um modo ou de outro temos quebrado esse mandamento!

3-O Senhor Jesus foi o nosso maior exemplo, pois honrou a Deus perfeitamente (Fl 2:8)E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz”. Nisso ele também foi o nosso representante!  

Jairo Rivaldo

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A FIDELIDADE DE DEUS NA PRESERVAÇÃO DA SEMENTE DA MULHER-Gênesis 4: 1-26


INTRODUÇÃO:

O texto anterior de gênesis 3, descreve como Adão e Eva  se rebelaram contra Deus e caíram na tentação de Satanás. Mas, Deus rompeu rapidamente essa aliança ímpia entre aquele casal e o inimigo, no versículo 15 do mesmo capítulo, Deus diz a serpente: “porei inimizade entre ti a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente”.

Inimizade, essa é a grande batalha que começou na alvorada da história e que se estenderá até que Jesus venha novamente. É uma batalha entre o reino da luz e o reino das trevas, entre os discípulos de Jesus Cristo e os discípulos de Satanás, entre Jesus Cristo e Satanás.

ELUCIDAÇÃO:

O nosso texto é dirigido a Israel, que sentiu o calor dessa batalha inicialmente. No Egito, Faraó tinha escravizado Israel. Depois ordenou que os meninos recém-nascidos fossem afogados no rio Nilo.

Mas, Deus os libertou desse império do mal. A caminho da Terra Prometida, Israel teve de lutar contra várias nações para garantir a própria existência. Eles devem ter pensado várias vezes: porque todas essas nações tentam nos destruir? Será que vamos sobreviver? O futuro deles às vezes parecia sem esperança. Moisés responde às suas preocupações contando-lhes acerca do começo dessa batalha.

Embora a narrativa pareça tratar de assassinato e violência, os versículos da conclusão chamam a atenção para a fidelidade de Deus em dar continuidade à semente da mulher.

Sendo assim, nesta noite vamos refletir sobre o seguinte tema: A FIDELIDADE DE DEUS NA PRESERVAÇÃO DA SEMENTE DA MULHER.

Caim e Abel, Dois Irmãos e Duas Ofertas (vs.1 – 5a).

No versículo 1, Eva diz: “Alcancei do SENHOR um homem”. É bem possível que no entendimento de Eva, Caim seja outro Adão. Um Homem concebido com o auxílio do SENHOR.
Caim é o primogênito, semelhantemente ao seu pai, ele é lavrador (vs. 2), então, Eva pensou, Caim é a semente da mulher.

Abel significa “vapor, hálito”, não há nenhum comentário feito por Eva a respeito de Abel. Ele é vulnerável, passivo, não fala e não se defende. Abel vive em conformidade com o seu nome.
O conflito começa no versículo 3, quando ambos trouxeram sua oferta ao Senhor. “Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou”. É então, que surge a pergunta: Porque Deus se agradou de Abel e de sua oferta e não de Caim e de sua oferta?”.

Os israelitas conheciam a resposta. O texto diz que “Abel trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste”, ou seja, ele ofertou o melhor a Deus, obedeceu à lei de Deus e demonstrou total dedicação ao Senhor. Observe que o Senhor olha para a pessoa, antes de olhar para a oferta, “Pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício superior ao de Caim” (Hb. 11:4).

Em contraste, Caim trouxe apenas alguns do fruto da terra, a palavra primícias está ausente. A sua oferta é superficial, é algo que tem que ser feito, mas não é feito de coração. Portanto, Deus não se agradou. Como consequência da rejeição de Deus, Caim ficou irado (vs. 5).
A Revolta de Caim e Seu Pecado (vs. 5b – 10).

Como um pai amoroso que vai atrás de seu filho, Deus procurou Caim (vs. 6), o Senhor sugere que Caim ainda pode fazer o bem (moral), Caim não é uma desamparada vítima de Satanás, mas ele pode combater o pecado.

Porém, a essas perguntas segue-se uma advertência (vs. 7), o pecado é personificado como um animal violento que está de emboscada, pronto para saltar sobre a vítima. Ou seja, a serpente está pronta pra ferir novamente, dessa vez ela tenta Caim.

Apesar da advertência de Deus, Caim se recusa a ouvi-lo, em vez disso, nutre ira contra Deus e inveja contra seu irmão.

A história chega ao ápice no versículo 8, todo crime cometido no campo era considerado pelos israelitas como premeditado. Então, Caim matou seu irmão, ele não matou um inimigo, nem um estranho, mata o próprio irmão (fratricídio).

Deus viu o terrível ato de Caim, e assim como no pecado de Adão e Eva, Deus estabelece o tribunal e passa a interrogar Caim (vs. 9). O assassinato cometido por Caim e agora a sua mentira, mostram que ele passou para o lado do Diabo. Está claro que Caim não é a semente da mulher, ele é a semente da serpente que tenta destruir a semente da mulher.
O juiz celestial confronta Caim com o próprio crime (vs. 10), Abel revela-se a semente da mulher, e o seu sangue clama da terra ao Senhor.

A Punição de Deus e Sua Graça Protetora (vs. 11 – 16).

O Juiz celestial profere a sentença (vs. 11), Deus amaldiçoa Caim, mostrando que ele é de fato semente da serpente. Deus continua a decretação da sentença (vs. 12), o fazendeiro Caim será exilado da civilização. E o que é pior, será banido da presença de Deus.

Caim apela ao Senhor (vs. 13, 14), os israelitas ao lerem essa história entenderiam o temor de Caim. O homem homicida poderia ser morto a qualquer momento pelo “vingador do sangue”, um parente do morto passava a ser o vingador.
Mas vejamos o que diz o versículo 15: “O SENHOR, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o SENHOR um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse”.

Quanto a “marca” de Caim, o que importa é a sua utilidade: proteger a sua vida, é uma marca da bondade e misericórdia de Deus.

O primeiro enredo termina no versículo 16, Caim que foi gerado com o auxílio do Senhor, retirou-se da presença do Senhor e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden.

A Depravação Humana na Descendência de Caim (vs. 17 – 24).

A maldição de Deus não remove totalmente a sua bondade: “Sede fecundos, multiplicai-vos”. Lemos no versículo 17: “Caim teve relações com sua mulher, e ela engravidou e deu à luz Enoque. Depois Caim fundou uma cidade, à qual deu o nome do seu filho Enoque”. Caim procura segurança numa fortaleza humana.

Numa rápida ordem de descendentes, o escritor traça a genealogia de Caim até a sétima geração e para em Lameque, cuja família revela tanto o alto grau de desenvolvimento da cultura quanto à profundidade do pecado na raça humana (vs. 18).

O narrador evidencia grandes desenvolvimentos culturais dessa linhagem da semente da serpente (vs. 19 – 22), Vemos novamente a misericórdia de Deus nos desenvolvimentos culturais que permitem ao povo enfrentar e desfrutar algum prazer num ambiente hostil e debaixo da maldição do Todo Poderoso.

Mas, nem tudo está bem. Lameque casando-se com duas mulheres quebra a ordem divina da criação a respeito do casamento, a monogamia. E passa então a se vangloriar-se para as duas esposas (vs. 23).

Lameque é um assassino brutal. A lei de Deus exigia que o castigo fosse proporcional ao crime, mas Lameque ultrapassa em muito o principio de justiça, ele mata um homem por que o feriu e um jovem porque o pisou.

E então se orgulha: “Porque sete vezes Caim será castigado; mas Lameque setenta vezes sete.” (vs. 24). Ele toma as palavras de Deus a Caim sobre a vingança completa e as multiplica por setenta, ou seja, jura vingança eterna quem lhe tocar. Ele não precisa da proteção de Deus, sabe se virar sozinho.

Em apenas sete gerações, a humanidade se desintegrou de um mundo em que Deus era adorado e cultuado para um mundo em que os seres humanos pensam que podem viver sem Deus.
A Graça de Deus Através de um Remanescente Piedoso (vs. 25, 26).

Antes de terminar a narrativa, Moisés retorna rapidamente a Adão e Eva (vs. 25), Eva agora sabe que Caim não era a semente prometida da mulher. Era Abel o mais novo, e Caim o matou. Mas em sua fidelidade Deus lhe concedeu outro descendente em lugar de Abel.
Na batalha entre a semente da mulher e a da serpente, Deus é fiel em continuar a linhagem da mulher.

O Narrador conclui com este importante comentário: “E a Sete também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome do SENHOR” (vs. 26).
Nessa linhagem da semente da mulher, vemos pessoas fracas, mas que invocam o nome do Senhor, elas são dependentes do Senhor e fazem de Deus o centro de suas vidas.

APLICAÇÃO:

Queridos, porque temos certeza de que seremos vencedores a despeito das lutas, perseguições e tentações?

Por que Deus é fiel para dar continuidade à linhagem da semente da mulher. Se Deus não fosse fiel, essa descendência teria desaparecido com a morte de Abel. Mas Deus levantou Sete e seus descendentes para continuar o seu povo sobre a terra.

Claro que isso também significa que a amarga batalha com a semente da serpente continua, a história bíblica, a história da igreja, a história contemporânea e a nossa história comprovam o que estamos falando.

Devemos entender que estamos em guerra, é verdade que temos liberdade de culto, mas existem muitos irmãos ao redor do mundo que estão sendo perseguidos e martirizados, a semente do maligno continua agindo. Precisamos compreender que em maior ou menor grau também somos perseguidos, estamos numa batalha. Diante disso, o que fazer? Qual será nosso destino?

CONCLUSÃO:

A primeira carta de João é instrutiva, o apóstolo escreve essa carta à igreja perseguida: “Não sejamos como Caim, que pertencia ao Maligno e matou seu irmão. E por que o matou? Porque suas obras eram más e as de seu irmão eram justas. Meus irmãos, não se admirem se o mundo os odeia” (1 João 3:12-13).

“Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo” (1 João 4:4).

Venceremos a batalha contra Satanás porque Jesus derramou seu Espírito em nossos corações. Não importa quão dura seja a batalha, Deus é fiel para preservar a sua igreja até que Cristo venha novamente para estabelecer o seu reino em perfeição.







  

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A Queda do Homem e a Graça de Deus-Gênesis 3: 1 – 24


INTRODUÇÃO:

Nós vimos na semana anterior que Deus proporcionou todos os meios necessários para que Adão e Eva vivessem muito bem, eles tiveram todas as suas necessidades supridas, poderiam trabalhar, ter comunhão com Deus e desfrutarem da presença um do outro.

A ordem de Deus ao homem consistia em não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, ou seja, Deus estabeleceu limites ao ser humano, se ele viesse a ultrapassar, as consequências viriam, a desobediência provocaria a morte (Gn. 2: 16, 17).

Então, com base no texto de hoje nós vamos refletir sobre: A QUEDA DO SER HUMANO E A GRAÇA DE DEUS.

1.       A Queda Consiste em Ceder a Tentação (vs. 1-6).
É ainda nesse contexto paradisíaco que surge a figura da serpente, que não é Satanás, mas foi coadjuvante do tentador na tarefa de conduzir o homem ao pecado, e isso por causa da sua natureza perspicaz e sutil.

A tentação se inicia quando Eva começa a ouvir as palavras persuasivas da serpente, que tinha como objetivo distorcer a palavra de Deus em relação ao casal edênico. As distorções podem ser vistas no versículo 1: “E ela perguntou à mulher: Foi isto mesmo que Deus disse: Não comam de nenhum fruto das árvores do jardim”?

No desenrolar da conversa a serpente usa argumentos enganosos na tentativa de implantar na mulher o desejo de ser igual a Deus (vs. 4, 5), e infelizmente, Eva é atraída por aquilo que vê e imbuída do desejo de ser igual a Deus cede a tentação, come do fruto e dar ao seu marido que por sua vez também come do fruto proibido (vs. 6).

Podemos observar nesse acontecimento um exemplo prático de Tiago 1: 13, 14: “Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: Estou sendo tentado por Deus. Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e seduzido”.

2.       A Queda Provoca Culpa (vs. 7-13).

A queda do estado original de perfeição causou vergonha, humilhação e culpa no casal. Por isso, ambos tentaram cobrir-se com folhas de figueira (vs. 7). Sobre isso, o estudioso bíblico Louis Berkhof diz o seguinte: “Esta mudança da condição real do homem refletiu-se em sua consciência, houve primeiramente uma consciência da corrupção, revelando-se no sentido de vergonha, e no esforço que nossos primeiros pais fizeram para cobrir a sua nudez, e depois, houve uma consciência da culpa, que achou expressão numa consciência acusadora e no temor de Deus que isso inspirou”.

Por causa da culpa e vergonha provenientes do pecado, o casal esconde-se de Deus. O Senhor por sua vez vai ao encontro do casal, numa demonstração de amor e graça, então Deus faz algumas perguntas: “onde estás? Quem te fez saber que estavas nu? Comeste do fruto que eu te ordenei que não comesses?” (vs. 9 – 11). Embora seja onisciente, Deus lhes interroga, induzindo-os a confessar a culpa.

Diante dos questionamentos, o casal revela sua aliança com Satanás distorcendo a verdade e acusando um ao outro, e por fim, a Deus. É a tentativa humana de transferir a culpa e jamais assumi-la.

3.       A Queda Revela a Punição de Deus (vs. 14-19).

A punição origina-se na retidão divina e em sua justiça. O Juiz celestial começa a dar o veredicto. Vejamos os versículos 14 e 15, podemos observar a serpente e por trás dela Satanás que estão sob o desprazer de Deus, o termo usado para serpente é maldita e deve rastejar.

A punição seria executada no contexto de hostilidade. A queda colocou o homem em associação com Satanás, mas Deus rompe essa recém-formada aliança, transformando a amizade do homem com Satanás em inimizade e restabelecendo a amizade do homem com Ele.

Em relação à mulher, a punição é mitigada, pois ela continuará a cumprir o seu papel de mulher, poderá gerar filhos, porém em meio a sofrimento e com muitas dores dará à luz (vs. 16).

Com referência a Adão, Deus o censurou por não haver exercido sua condição de cabeça em relação a mulher e também por desobedece-lo, não expressando seu senhorio sobre a criação. Por isso, Deus também amaldiçoou o ambiente no qual eles viviam.

O homem terá que trabalhar excessivamente para que a terra produza, contudo, o ponto máximo do juízo divino sobre o homem é que o mesmo baixará a sepultura, Adão que havia sido criado para governar a terra, agora o pó da terra o governará (vs. 17 – 19).

4.       A Queda Suscita a Promessa da Redenção (vs. 15, 21).

A mensagem que gênesis 3: 15 proclama é frequentemente do protoevangelho, é a primeira promessa da boa notícia da redenção.
Percebemos que a ação de Deus é graciosa, pois a punição foi aliviada em relação ao casal, que por causa da graça comum, alcança a humanidade de forma geral.

Porém, a graça especial de Deus é revelada em Jesus Cristo que é a semente da mulher. O versículo 15 sugere um conflito no nível das duas sementes, a semente da mulher e a semente de Satanás (homem natural em rebelião contra Deus), conflitam uma com a outra ao longo das eras.

Mas a semente da mulher esmagará a cabeça da serpente, Satanás será mortalmente ferido, totalmente derrotado.

Vejamos o que nos diz o versículo 21: “O Senhor Deus fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher”. A tentativa do homem de cobrir-se com folhas, era tão inadequada quanto o desejo de desculpar-se pelo pecado. A provisão de Deus fazendo-lhes vestimenta de peles é o primeiro vestígio da exigência de uma vítima sacrificial que ofereça uma cobertura capaz de promover a reconciliação.

O versículo 22 traz a ideia de que os seres humanos tornaram-se independentes, autônomos, decidindo por si mesmo o que é bom e o que é mau. Para que o homem não coma da árvore da vida e viva eternamente no estado de pecado, Deus o expulsa do jardim e coloca querubins com espadas flamejantes para guardar a árvore (vs. 23, 24).

Os querubins como guardiões são um memorial para Israel dos dois querubins que guardavam a arca sagrada do tabernáculo e mais tarde no templo. Também havia figura de querubins bordadas na cortina do templo, alertando o povo de que pecadores não são admitidos na presença de Deus, a não ser que Deus retire os querubins guardiões.

APLICAÇÃO:

Irmãos, apesar deste deplorável acontecimento que foi a queda do homem, podemos declarar que Deus é gracioso, Ele nos traz esperança nessa triste narrativa, pois, sabemos que Jesus é a semente da mulher, o segundo Adão.
Jesus também foi tentado por Satanás, não no paraíso, mas no deserto, em circunstâncias totalmente desfavoráveis, Jesus resistiu às tentações de Satanás.

Mas, Satanás ainda tinha aquela picada venenosa que podia atingir o calcanhar da semente da mulher, pela instigação do inimigo, as pessoas mataram Jesus. Porém, uma coisa maravilhosa aconteceu, em Mat. 27: 51 relata que quando Jesus deu o último suspiro “o véu do santuário se rasgou de alto a baixo”, esse véu era bordado com dois querubins, ou seja, quando o véu foi rasgado o caminho de acesso a Deus ficou livre.

A vitória de Satanás se converteu em derrota. No terceiro dia, Jesus ressuscitou dos mortos e subiu para estar a destra do Pai: “de há de vir julgar os vivos e os mortos”. O livro do apocalipse nos diz que o primeiro a ser julgado será Satanás: “O diabo, que as enganava, foi lançado no lago de fogo que arde com enxofre” (Ap. 20: 10).

Atente ainda para o que João vê:

Então o anjo me mostrou o rio da água da vida que, claro como cristal, fluía do trono de Deus e do Cordeiro, no meio da rua principal da cidade. De cada lado do rio estava a árvore da vida, que dá doze colheitas, dando fruto todos os meses. As folhas da árvore servem para a cura das nações. Já não haverá maldição nenhuma. O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos o servirão (Ap. 22: 1-3).

Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito a árvore da vida e entrem nas cidades pelas portas (Ap. 22: 4).

CONCLUSÃO:    
                                                                                      
Graças a Deus o paraíso será restaurado na terra por intermédio de Jesus Cristo. Esta é a esperança para todos quantos sofrem neste ínterim. O paraíso será algum dia restaurado na terra, e nós mais uma vez desfrutaremos de plena comunhão com Deus.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O Propósito de Deus- Gn. 2: 4 – 25


INTRODUÇÃO

Hoje nós vamos estudar sobre os detalhes da criação do homem e da mulher. Contudo, o nosso objetivo principal é transmitir para os irmãos e amigos a respeito do propósito para o qual Deus nos criou. Você já refletiu sobre este propósito?
O nosso Catecismo Maior responde a esse questionamento logo no início, vejamos:

Qual é o fim supremo e principal do homem?

Resposta. O fim supremo e principal do homem e glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.
Quero lhes dizer que nós temos um ideal divino a cumprir nesta vida que se estende pela eternidade e apenas quando conhecemos e praticamos este ideal podemos viver plenamente felizes e satisfeitos.

ELUCIDAÇÃO

Nós vamos conhecer sobre este ideal de Deus a partir do texto em apreciação. Porém, antes de analisamos o texto lido, desejo esclarecer que a unidade narrativa deste texto vai até o capítulo 3 e versículo 24, mas, com o objetivo de analisar melhor o texto, hoje vamos observar apenas o texto que foi lido.

“Esta é a história das origens dos céus e da terra, no tempo em que foram criados: Quando o Senhor Deus fez a terra e os céus” (vs. 4). Em outras palavras, isto é o que aconteceu ao universo depois que Deus criou tudo muito bom. O Relato mostra que Deus colocou o homem num lindo jardim, deu-lhe todas as condições necessárias para que o mesmo vivesse bem, mas ele pecou, e por isso foi expulso desse jardim.

Nós vimos que no capítulo primeiro, Deus é apresentado como o Rei Onipotente, fala e acontece. Aqui o Senhor é descrito em termos mais íntimos como o oleiro que se inclina e molda um delicado objeto (vs. 7), como o jardineiro que planta um jardim (vs. 8) e como um escultor que modela a mulher da costela do homem (vs. 21, 22).

Em todo texto, podemos observar Deus cuidando muito bem do homem e proporcionando todos os meios precisos para que o ser humano vivesse o ideal para o qual fora criado. Vejamos o que Deus lhes proporcionou:

1.       Um Cenário Ideal;

No versículo 5 o narrador introduz um nome adicional para Deus, ou seja: SENHOR, que designa aquele que inicia um compromisso pactual e que administra esse pacto através da humanidade escolhida.

Inicialmente, o papel dos seres humanos é trabalhar a terra, o papel de Deus é provê-la de chuva, como não existia o homem, então Deus não havia determinado a chuva. Porém, a terra era beneficiada pelas águas subterrâneas que emanavam e irrigavam a terra (vs.6).

O ponto central do versículo 7, não é exatamente como Deus fez o homem, mas que ele é fito do pós terra. Ou seja, os seres humanos não são deuses, como alguns povos antigos acreditavam que eram os seus reis. O homem é feito de terra, ele é frágil.

Mas, ainda assim, são criaturas especiais de Deus. Porque o próprio Deus cuidadosamente modelou o primeiro homem como um belo vaso. E com outro toque especial, lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, a vida é um ato de doação vinda de Deus. E o homem passou a viver.

Nos versículos 8 e 9, a Bíblia nos informa que o Senhor plantou um magnífico jardim na terra. O jardim é um verdadeiro paraíso. Em todo o Antigo Testamento o jardim é referido como o jardim do Senhor (Gn. 13: 10; Is. 51: 3). Exatamente como mais tarde o tabernáculo e o templo, ou seja, esse jardim e a habitação especial de Deus na terra.

Mas o jardim é mais do que um símbolo, nos versículos 10 – 14 o narrador detalha a sua relativa localização falando sobre quatro rios e três países. O paraíso era na terra. Conforme a menção dos rios Tigre e Eufrates no versículo 14 indica que o jardim estava situado na Mesopotâmia, talvez na Turquia ou Iraque de hoje.

O jardim é representado como um lugar belo e tranquilo onde o homem pode interagir intimamente com Deus e desfrutar as suas boas dádivas (vs. 9). E no meio do jardim a árvore da vida, aparentemente uma árvore cujo fruto poderia mantê-lo vivo para sempre.

APLICAÇÃO: Aqueles que estão em Cristo haverão de desfrutar do paraíso restaurado, pois aguardamos novos céus e nova terra.

2.       Um Trabalho Ideal;

Conforme o versículo 15, o trabalho é um dom de Deus, não um castigo pelo pecado. Mesmo anterior a queda, a humanidade tem deveres a cumprir. O trabalho, até mesmo no paraíso dá sentido e propósito à vida humana.

APLICAÇÃO: O problema é que o mundo de hoje considera o trabalho como maldição. E o antigo conceito de trabalho foi substituído pelo conceito de ganhar dinheiro. E quanto mais fácil melhor.

Em seguida, Deus lhes dar uma ordem: E o Senhor Deus ordenou ao homem: "Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá" (vs. 16, 17). Eles tem total liberdade para comer de toda árvore do jardim, o que incluía a árvore da vida, só existia uma proibição. Neste estágio, Deus trata o homem como um agente moral que pode optar por obedecer a Deus espontaneamente.

Estar diante do homem continuar em comunhão com Deus pela obediência ou quebrar essa comunhão pela desobediência ao seu mandamento. O que acontecerá? Veremos no capítulo três.

3.       Um Casamento Ideal;

A constatação divina: “não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (vs. 18). Deus não nos fez para sermos uma ilha. Deus cria a mulher para ajudar Adão, isto é, para honrar a sua vocação, desfrutar do jardim e respeitar a proibição.

O termo: “Auxiliadora” pressupõe que o homem tem prioridade governamental, porém ambos os sexos são mutuamente dependentes. A palavra “idônea” significa igual e adequado, ou seja, homens e mulheres diferem em sexualidade, porém, são iguais como portadores da imagem divina e em sua condição diante de Deus.

Então, Deus deixou que todos os animais passassem diante de Adão, mas não se achava uma auxiliadora idônea (vs. 20). Os animais são inferiores aos seres humanos. Somente os seres humanos foram feitos a imagem de Deus e receberam autoridade para dominar.

Sendo assim, Deus volta a trabalhar, dessa vez formando uma mulher da costela de Adão (vs. 21, 22). Nas famosas palavras de Matthew Henry: “a mulher não é feita da sua cabeça para estar acima dele, nem de seus pés para ser pisada por ele, mas de seu lado para ser sua correspondente, de debaixo de seu braço para ser protegida e de perto de seu coração para ser amada”.

Agora Adão fica maravilhado e diz: Disse então o homem: "Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada" (vs.23).

O texto mostra quão próximos homens e mulheres estão relacionados: a mesma carne, os mesmos ossos, mas o sexo oposto. E se complementam perfeitamente.

Vejamos o versículo 24: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne”.

Conforme o versículo 25, Nesse estado ideal, homem e mulher viam suas pessoas e sexualidade com integridade e por isso não sentiam vergonha de sua nudez. Essa declaração deve ter sido espantosa para Israel, pois tinham um forte senso de pudor. Mas, isto foi antes do pecado.

APLICAÇÃO: Podemos perceber o ideal de Deus para o casamento, monogâmico, heterossexual e plenamente satisfatório para ambos os sexos. Observamos ainda que para o casamento ser efetuado é necessário responsabilidade e maturidade.

Através de Jesus Cristo podemos desfrutar de satisfação no casamento, O nosso Senhor também é poderoso para restaurar casamentos.

CONCLUSÃO

Você tem cumprido o propósito para o qual foi criado? Em Jesus Cristo, Deus providenciou tudo o necessário para vivermos para sua glória novamente. Que Deus nos abençoe!

domingo, 2 de setembro de 2012

O Descanso de Deus- Gênesis 2: 1-3


INTRODUÇÃO:

A vida de uma pessoa agitada é normalmente caracterizada por uma luta obstinada e incansável, impulsionada por uma mistura volátil de orgulho, perfeccionismo e autossuficiência.
Temos muitos nomes para o agitado: o motivado, o ativista, o visionário, o revolucionário, o obstinado, o agitador. Também conhecemos as pessoas agitadas como aquelas que são irritadas, deprimidas, frustradas, insatisfeitas, gananciosas, famintas por poder e muito frequentemente ansiosas ao extremo. Alguns agitados, nós festejamos; outros, evitamos.
Contudo, Deus nunca exigiu que enfrentássemos as pressões e exigências da vida do nosso jeito ou confiássemos em nossa própria força.
Também não disse que ganharíamos seu favor se reuníssemos um impressionante portfólio de boas obras. Em vez disso, ele nos convida a entrar em seu descanso.

EXPOSIÇÃO:

Em seis dias, Deus criou o mundo, deu-lhe ordem e propósito, encheu-o de vida e de tudo que precisava para florescer (vs. 1).
Desse modo, no sétimo dia Deus encerrou toda atividade para olhar sua obra e declarar que ela era boa. Ela estava completa.

A partir do versículo 2, diz que Deus concluiu a sua obra no sétimo dia e descansou. Nos primeiros seis dias, subjuga-se espaço; no sétimo santifica-se tempo. Esse dia é abençoado para o refrigério da terra. Vale lembrar que, Deus convoca a humanidade a imitar o padrão de trabalho e descanso do Rei e assim confessar que Deus é Senhor e consagrar-se a Ele (Êxodo 31: 17).
Em relação ao sétimo dia (vs. 3), não se faz nenhuma menção de “tarde e manhã”, isso porque a ordenança do descanso continua e nós somos exortados a participarmos dele e a olharmos para o descanso sabático como sendo algo eterno e redentor (Hebreus 4: 1 – 11).

BREVE DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO

Conforme sabemos, Deus usou Moisés na escrita do livro de gênesis, bem como, na árdua tarefa de conduzir o povo hebreu à Terra Prometida. Durante toda a jornada, ele se referiu a terra prometida como lugar de descanso: “Até que o SENHOR dê descanso a vossos irmãos como a vós; para que eles herdem também a terra que o SENHOR vosso Deus lhes há de dar além do Jordão; então voltareis cada qual à sua herança que já vos tenho dado” (Dt. 3: 20)

“E o SENHOR lhes deu repouso de todos os lados, conforme a tudo quanto jurara a seus pais; e nenhum de todos os seus inimigos pode resisti-los; todos os seus inimigos o SENHOR entregou-lhes nas mãos” (Josué 21: 44).

Mas, quando estavam perto da fronteira da terra prometida, eles recuaram. Todavia, dois membros dentre os que foram enviados para reconhecer a terra declararam: “subamos e tomemos posse da terra. É certo que venceremos” (Nm. 13: 30).

Mas, a maioria incrédula declarou: "Não podemos atacar aquele povo; é mais forte do que nós" (vs. 31).

E espalharam entre os israelitas um relatório negativo acerca daquela terra. Disseram: "A terra para a qual fomos em missão de reconhecimento devora os que nela vivem. Todos os que vimos são de grande estatura. Vimos também os gigantes, os descendentes de Enaque, diante de quem parecíamos gafanhotos, a nós e a eles" (vs. 32, 33).

Por isso, Deus os fez vagar o pelo deserto durante 40 anos, depois que os descrentes da velha geração morreram Israel mais uma vez se colocou na fronteira da terra prometida e recebeu uma sensata advertência: “Quando, pois, o SENHOR teu Deus te introduzir na terra que jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó, que te daria, com grandes e boas cidades, que tu não edificaste, E casas cheias de todo o bem, que tu não encheste, e poços cavados, que tu não cavaste, vinhas e olivais, que tu não plantaste, e comeres, e te fartares, Guarda-te, que não te esqueças do SENHOR, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão” (Dt. 6: 10-12).

Mas, eles se esqueceram do que Deus havia falado, com o passar do tempo deixaram de confiar em Deus, se envolveram na idolatria e se tornaram complacentes com o pecado.

Consequentemente, eles habitavam a terra prometida, mas nunca de fato entraram no seu descanso (Sl. 95: 11). A terra prometida era uma representação visível e palpável do último desejo de Deus para seu povo, mas eles não compreenderam.

Portanto, o descanso sabático incorpora tudo o que o Criador desejava que a humanidade desfrutasse desde o início dos tempos.


CONEXÃO HISTÓRICA COM HEBREUS 4: 1-11.

De todas as pessoas que deveriam compreender o descanso sabático, achamos que os mais entendidos seriam os seguidores de Jesus. Puro engano!
A primeira geração de seguidores de Jesus Cristo ainda não havia saído de cena, e um dos apóstolos escreveu uma carta exortando-os a não repetir os pecados de seus pais:

Visto que nos foi deixada a promessa de entrarmos no descanso de Deus, temamos que algum de vocês pense que tenha falhado. 2 Pois as boas novas foram pregadas também a nós, tanto quanto a eles; mas a mensagem que eles ouviram de nada lhes valeu, pois não foi acompanhada de fé por aqueles que a ouviram. 3 Pois nós, os que cremos, é que entramos naquele descanso, conforme Deus disse: "Assim jurei na minha ira: Jamais entrarão no meu descanso" — embora as suas obras estivessem concluídas desde a criação do mundo. 4 Pois em certo lugar ele falou sobre o sétimo dia, nestas palavras: "No sétimo dia Deus descansou de toda obra que realizara". 5 E de novo, na passagem citada há pouco, diz: "Jamais entrarão no meu descanso". 6 Entretanto, resta entrarem alguns naquele descanso, e aqueles a quem anteriormente as boas novas foram pregadas não entraram, por causa da desobediência. 7 Por isso Deus estabelece outra vez um determinado dia, chamando-o "hoje", ao declarar muito tempo depois, por meio de Davi, de acordo com o que fora dito antes: "Se hoje vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração". 8 Porque, se Josué lhes tivesse dado descanso, Deus não teria falado posteriormente a respeito de outro dia. 9 Assim, ainda resta um descanso sabático para o povo de Deus; 10 pois todo aquele que entra no descanso de Deus, também descansa das suas obras, como Deus descansou das suas. 11 Portanto, esforcemo-nos por entrar nesse descanso, para que ninguém venha a cair, seguindo aquele exemplo de desobediência.

O autor de Hebreus expressou seu temor de que aqueles que ouviram as boas novas (evangelho) terminassem como os israelitas sem fé, vagueado em algum lugar lá fora, à beira do descanso, sem jamais entrar nele.

A advertência de Hebreus 4: 2 – 8 indica a descrença como a principal razão de os israelitas terem recuado na fronteira da terra prometida, e revela também que a descrença ameaça impedir-nos de entrar no nosso descanso sabático. Quando a nação israelita estava diante da terra prometida, dividiu-se em dois grupos (os crentes e os incrédulos).

O reformador João Calvino fez o seguinte comentário: “O que nos fecha a porta é unicamente a incredulidade. Portanto, a mão que a abre é a fé. Devemos conservar em mente o que já foi exposto, ou seja: que em sua ira contra os incrédulos, Deus jurou que jamais participariam da bênção prometida. Portanto, aqueles que não são impedidos pela incredulidade entram, uma vez que Deus os convida. Deus os atrai com maior doçura, distinguindo-os dos estranhos” (Comentário de Hebreus, pg. 103. Ed. Parácletos).

A incredulidade é vista em pelo menos uma tendência, a de comparar os desafios da vida com nossa própria adequação, em vez de nos basearmos nas promessas de Deus.

APLICAÇÃO:

Podemos observar que o descanso sabático tem principalmente um significado eterno, portanto, envolve a fé que devemos depositar no sacrifício de Jesus como sendo em nosso favor, e assim, eliminar a confiança em nossa própria capacidade de ganhar um lugar no céu, confiar na provisão de Deus é a essência da salvação.

Entrar no descanso sabático também tem importância temporal. Exige fé no Criador Soberano para encontrar significância pessoal em nosso relacionamento com Deus, não em coisas como a quantidade de dinheiro que posso ganhar, o sucesso que posso obter ou as coisas que posso adquirir.

CONCLUSÃO:

Os agitados possuem um deus bastante pequeno, pois criam e nutrem a ilusão de segurança ao encher a conta bancária, ao manipular relacionamentos ou evita-los, ao confiar em seus próprios esforços para obter sucesso e salvação. Mas, por fim descobrem que nada que venha de sua própria provisão é satisfatório. Com recursos tão lamentáveis, não é de surpreender tamanha agitação.

Mas, existe um caminho melhor. Lembra-se dele? A entrada permanece aberta. O convite ainda pode ser aceito. “Ainda resta um descanso sabático” para desfrutar.

Já que é melhor descansar em Jesus Cristo, por que se agitar?