terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Evidências do Evangelho Autêntico Gálatas 2: 1 – 10

INTRODUÇÃO:

Quando chegamos em Toritama com o propósito de plantar a Igreja Presbiteriana nesta cidade, uma irmã de outra denominação, disse: “Pra quê mais uma igreja evangélica, se nós já temos tantas aqui”.

Temos muitas, mas não temos uma IPB ainda. Além do que, é mais uma agência do reino de Deus transmitindo as boas novas de salvação ao pecador perdido.

Outro fator que nos torna relevantes e distintos é nossa ênfase no ensino e na doutrina, corroborando para alcançarmos pessoas que tem interesse e desejo de conhecer  mais profundamente o autêntico evangelho de Jesus Cristo.

Os falsos mestres (judaizantes) do tempo de Paulo tentavam atacar sua autoridade apostólica deixando transparecer que o evangelho pregado por Paulo era diferente do que era pregado por Pedro e os outros apóstolos, então, concluíam e ensinavam que Paulo não era digno de ser ouvido.

Agora o próprio Paulo responde a esta insinuação. No inicio da carta o apóstolo disse que seu evangelho é de origem divina e não humana. No começo do capítulo 2, Paulo afirma que o evangelho por ele proclamado é exatamente o mesmo evangelho ensinado pelos outros apóstolos. Embora, Paulo pregasse aos gentios e Pedro aos judeus.

Com o objetivo de dar provas que o seu ensino é igual ao ensino dos demais apóstolos, Paulo diz que ao visita-los em Jerusalém, o seu evangelho foi endossado e aprovado por eles.

Sendo assim, precisamos observar as circunstâncias desta visita a Jerusalém:
Vejamos o versículo 1 =  esta foi a sua segunda visita e ocorreu “14 anos depois”, provavelmente depois de sua conversão e não de sua primeira visita. Barnabé era judeu, enquanto que Tito era grego, ou seja, um gentio não circuncidado e também alvo da discussão dos judaizantes (que falavam ser necessário circuncidar os gentios).

No versículo 2, Paulo diz que apresentou o evangelho aos apóstolos: Pedro, Tiago e João, embora ele tivesse ido a Jerusalém não com esse propósito especifico, pois foi em “obediência a uma revelação” . Ou seja, foi  porque Deus ordenou, não porque tenha sido chamado pelos apóstolos de Jerusalém.
Não obstante, para evitar qualquer mal entendido, Paulo expôs o evangelho que estava pregando aos gentios.

Estes foram dois aspectos vitais de sua visita. Paulo levou consigo a Jerusalém, além de Barnabé, um companheiro gentio e um evangelho gentio. 

                          EVIDÊNCIAS DO EVANGELHO AUTÊNTICO

1.       1-Não Exige Obediência a Regras Externas Como Condição Para Salvação (vs. 3 – 5).

Essa era a questão. Os judaizantes (falsos irmãos) estabeleciam como condição para salvação a circuncisão, Alguns homens desceram da Judéia para Antioquia e passaram a ensinar aos irmãos: "Se vocês não forem circuncidados conforme o costume ensinado por Moisés, não poderão ser salvos" (Atos 15:1).

O ponto foi destacado e a verdade estabelecida: “Nem mesmo Tito sendo grego foi constrangido a circuncidar-se” (vs. 3).

Conforme os versículos 4 e 5, Paulo salienta que o ponto principal não é simplesmente a circuncisão. Era um assunto de fundamental importância referente a verdade do evangelho, isto é, de liberdade cristã versus escravidão.

Introduzir obras da Lei e fazer a nossa aceitação diante de Deus depender de nossa obediência a regras e regulamentos era fazer o homem livre retroceder para escravidão.

 A nossa salvação depende inteiramente da graça de Deus demonstrada através da morte de Jesus Cristo na cruz do Calvário. Por isso, Paulo não se submete aos judaizantes, ele não cede aos falsos cristãos, intrusos nas igrejas da Galácia.

APLICAÇÃO: Será que nos dias atuais existem grupos e igrejas que exigem obediência a regras externas como condição para salvação?

Infelizmente existem, são pessoas e denominações que não compreenderam ainda que somos salvos e aceitos por Deus não mediante obras, ou submissão a certos regulamentos, mas, tão somente pela graça de Deus revelada em Jesus.

Não entenderam que determinadas ordenanças, tais como: circuncisão, dietas alimentares, sábados, festas do calendário judaico apontavam para Jesus Cristo: “Portanto, não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa ou à celebração das luas novas ou dos dias de sábado.Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo” (Colossenses 2:16-17).

2.    2-Tem Como Fundamento o Ensino dos Apóstolos (vs. 6 – 9 a).

Conforme explicamos anteriormente, Paulo quando foi a Jerusalém teve uma reunião com Tiago, João e Pedro. Conversaram sobre o evangelho que ele propagava e o entendimento geral é que tratava-se do mesmo evangelho também anunciado pelos apóstolos de Jerusalém.

Percebamos que houve unidade, harmonia e concordância entre os apóstolos. Mesmo porque foram homens vocacionados por Deus para consolidar e anunciar o único e verdadeiro evangelho da salvação.
A Igreja Cristã Primitiva era instruída pelos apóstolos, assimilava sua doutrina e prática, estava fundamentada em seus ensinamentos.

“Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações” (Atos 2:42).

Precisamos entender que o evangelho pregado pelos apóstolos era único em seu conteúdo: pecaminosidade do ser humano, necessidade de arrependimento, salvação pela graça Deus, justificação pela fé em Jesus Cristo.

A diferença é de “público alvo”, no versículo = 7 isso fica muito claro, Pedro é chamado para anunciar o evangelho entre os judeus. Paulo era principalmente um missionário aos gentios.

Versículo 9, são chamados de “colunas” = metáfora comum no grego para pessoas em importantes posições de liderança, como eram os apóstolos.

APLICAÇÃO: Será que existem apóstolos na atualidade nos moldes do Novo Testamento?

Declaramos que não! Mesmo porque, uma das condições para ser apóstolo era ter sido chamado pessoalmente por Jesus Cristo e precisava ter outras credencias que Paulo enumera em 2 Co. 12: 12.

O que permanece hoje é o ensino dos apóstolos revelado no Novo Testamento, tendo por base o Antigo Testamento, é a essa doutrina que devemos conhecer e praticar, assim como fazia a igreja cristã primitiva.

Hoje, os que se auto intitulam “apóstolos”, na verdade não são, pois, não foram vocacionados por Cristo, não apresentam as credenciais do apostolado e nem ensinam a doutrina dos apóstolos.

3.    3-Promove a Comunhão e Tem Como Motivação o Amor (9b, 10).

O evangelho de Paulo não era em nada inferior ou deficiente. Como resultado desta compreensão, houve o reconhecimento por parte dos apóstolos de Jerusalém que eles e Paulo haviam recebido a responsabilidade de pregar o mesmo evangelho.

Ou seja, essa conversa sobre o evangelho trouxe comunhão entre os apóstolos, “estenderam a mão direita a mim e a Barnabé em sinal de comunhão” (vs. 9).

No versículo 10, acrescentaram que Paulo e Barnabé se lembrassem dos pobres. Na verdade Paulo tinha um cuidado especial com os pobres, organizava coletas em benefício dos irmãos necessitados.

Insistia com as igrejas mais ricas da Macedônia e da Acaia para que sustentassem as igrejas pobres da Judéia, considerava suas ofertas como um meio de demonstrar amor entre judeus e gentios na comunhão da igreja cristã.

APLICAÇÃO: O evangelho genuíno promove comunhão do ser humano com Deus e com o seu próximo. Jesus Cristo veio reconciliar o pecador com Deus, em decorrência dessa comunhão reestabelecida, inevitavelmente iremos também viver bem com o nosso semelhante.

O evangelho autêntico, quando compreendido e experimentado produz transformação prática, nos impele a amar a Deus corretamente e a viver corretamente.

CONCLUSÃO:

Em nossos dias, é perceptível que muitas denominação religiosas tem se desviado do autêntico evangelho, fala-se de prosperidade para aqueles que buscam a Deus, incentiva-se a que os adeptos exija seus direitos a Deus (cura, casa, carro), propaga-se que Deus exige obediência a certos ritos e regras como condição de salvação. ERRADO!

O autentico evangelho afirma que a salvação é pela graça de Deus revelada em Cristo Jesus, que o sacrifício de Cristo na cruz foi em seu favor, e que você precisa arrepender-se e confiar na obra de Jesus Cristo.

para viver corretamente para Deus é necessário: reconhecer-se pecador, entender que o sacrifício de Cristo na Cruz foi para lhe trazer perdão,


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O Que é um Cristão?

O que é um cristão? Ele pode ser descrito sob muitos ângulos, mas partindo-se do que dissemos é claro que resumiremos tudo ao dizer; é alguém que conhece e vive sob a palavra de Deus. É quem se submete sem reservas à palavra de Deus escrita no "Livro da Verdade" (Dn 10:21), crê nos ensinamentos, confia nas promessas e segue os mandamentos. Seus olhos vêem o Deus da Bíblia como seu Pai, e o Cristo da Bíblia como seu Salvador.
Se você lhe perguntar ele dirá que a palavra de Deus o convenceu de seu pecado e também lhe deu a garantia do perdão. Sua consciência, como a de Lutero, é cativa à palavra de Deus, e ele aspira como o salmista a pautar sua vida de acordo com ela. "Quem dera fossem firmados os meus caminhos na obediência aos teus decretos [...] não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos [...] ensina-me os teus decretos. Faze-me discernir o propósito dos teus preceitos [...] Inclina o meu coração para os teus estatutos [...] Seja o meu coração íntegro para com os teus decretos" (Sl 119:5,10,26,27,36,80). As promessas estão diante dele enquanto ora e os preceitos estão à sua frente quando se move entre as pessoas.

O cristão sabe que além de a palavra de Deus ter sido dirigida diretamente a ele por meio das Escrituras, ela também foi proferida a fim de criar, controlar e ordenar as coisas que o rodeiam. Entretanto como as Escrituras lhe dizem que todas as coisas contribuem juntamente para o seu bem, a idéia de Deus ordenar todas as circunstâncias só lhe traz alegria. Ele é uma pessoa independente, pois usa a palavra de Deus como uma pedra de toque pela qual testa as diversas idéias que lhe são apresentadas e não aceitará coisa alguma sem ter certeza da aprovação das Escrituras.

Por que esta descrição se aplica a tão poucos de nós que professamos ser cristãos nestes dias? Você terá grande proveito se fizer esta pergunta a sua consciência e deixar que ela lhe fale.

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J.I. Packer

Fonte: O Conhecimento de Deus, Editora Mundo Cristão

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Paulo e a Origem do Seu Evangelho Gálatas 1: 11 – 24

INTRODUÇÃO:

Na pregação anterior, vimos que existe um só evangelho, e que este evangelho é o critério pelo qual todas as opiniões humanas devem ser testadas. É o evangelho que Paulo apresentou.

A pergunta que devemos fazer é: qual é a origem do evangelho de Paulo para que seja normativo e outras opiniões e mensagens sejam avaliadas por ele? Para isso, precisamos saber a origem do evangelho de Paulo. Proposição:

A Origem do Seu Evangelho é Divino, Mediante Revelação de Jesus Cristo (vs. 11, 12).

Esta é a razão pela qual o evangelho ensinado por Paulo era o padrão norteador para os ensinos que estavam sendo transmitidos.
O evangelho, que estava sendo colocado em dúvida pelos judaizantes e abandonado pelos gálatas, não era uma invenção, nem uma tradição, mas uma revelação.

Ele está afirmando que o evangelho pregado por ele, não lhe pertence, mas é de Deus; que suas palavras não são suas, mas de Deus.

Fatos Que Comprovam a Origem do Seu Evangelho.

2. 1. O Que Ocorreu Antes de Sua Conversão (vs. 13, 14).

Era um Judeu praticante – “proceder de outrora”, vejamos 2 aspectos de sua vida anterior ao novo nascimento: a) Perseguia a Igreja de Deus (vs 13) = E foi exatamente isso que fiz em Jerusalém. Com autorização dos chefes dos sacerdotes lancei muitos santos na prisão, e quando eles eram condenados à morte eu dava o meu voto contra eles” (Atos 26:10);

 b) Extremamente zeloso pelas tradições de seus pais (vs. 14) = Eles me conhecem há muito tempo e podem testemunhar, se quiserem, que, como fariseu, vivi de acordo com a seita mais severa da nossa religião (Atos 26: 5).

Um homem nessa condição mental e emocional de maneira nenhuma mudaria de opinião influenciado por outras pessoas. Apenas Deus poderia alcança-lo, e foi o que Deus fez!

O Que Ocorreu na Sua Conversão (vs. 15, 16a).

O contraste entre o que ele era antes e o que aconteceu é algo latente. Vs 15, 16 = parafraseando:  “no meu fanatismo, eu me inclinava a perseguir e destruir, mas Deus me prendeu e alterou meu impetuoso curso.
Então, Paulo passa a mostrar como a iniciativa e graça de Deus lhe alcançaram:


a)      Deus me separou antes de eu nascer (vs. 15).

A semelhança de Jeremias (1: 5), mostrando a ação soberana de Deus em separa-lo antes do seu nascimento para pregar aos gentios.

b)      Deus me chamou pela sua graça (vs. 15).

Essa escolha antes do seu nascimento levou a vocação histórica.

c)       Deus revelou seu filho em mim (vs. 16).

Na estrada para Damasco, Deus revela seu filho a Paulo. Ele compreende que Jesus é o Messias dos judeus.

Paulo tinha agora a responsabilidade de pregar aos gentios as boas novas de Jesus. O chamado de Deus e consequente conversão deve nos levar a pregar as boas novas do reino de Deus.

O Que Ocorreu Depois de Sua Conversão (vs. 16b – 24).

Ênfase é no vs. 16: não consultei pessoa alguma”.
Devemos nos lembrar de que Paulo estava sendo acusado de pregar um evangelho de procedência humana.

O que ele argumenta é que recebeu o evangelho do qual se tornou proclamador e paladino provém do Senhor Jesus Cristo. Vejamos os motivos:

a)      No ínicio de sua conversão, Paulo passou três anos na Arábia (vs. 17).

Não sabemos exatamente o que Paulo foi fazer por lá. João Crisóstomo acredita que ele foi evangelizar um povo bárbaro e selvagem que vivia ali. Contudo, muitos estudiosos acreditam que Paulo foi em busca de quietude e solidão.

Certamente, neste período meditou sobre o A.T, refletiu sobre os fatos da vida e morte de Jesus e neste processo, o evangelho da graça de Deus foi revelado em toda a plenitude.

b)      Paulo foi a Jerusalém, conhecer Pedro (vs. 18).

“Quando chegou a Jerusalém, tentou reunir-se aos discípulos, mas todos estavam com medo dele, não acreditando que fosse realmente um discípulo” (Atos 9:26).

Essa visita ocorreu depois de três anos da sua conversão, seu evangelho já estava formulado. Passou apenas 15 dias, é impossível afirmar que teria recebido seu evangelho nesse pequeno espaço de tempo em Jerusalém.
c)       Paulo foi para Síria e Cilícia (vs. 20 – 24).

Estas regiões eram distantes de Jerusalém. Mais uma prova de que ele não esteve em Jerusalém com o propósito de receber instrução.
Consequentemente, Paulo não era conhecido de vista pelas igrejas da judéia (vs. 22).

"Aquele que antes nos perseguia, agora está anunciando a fé que outrora procurava destruir" (Gálatas 1:23).

Eles ouviam falar que o perseguidor de outrora se tornara pregador da fé que antes procurava destruir. E glorificavam a Deus Por isso.

APLICAÇÃO:

1.       A Graça de Deus é capaz de alcançar até os pecadores mais rebeldes. Paulo é um exemplo clássico desta verdade; Por isso, devemos crer que Deus é poderoso para transformar a vida do mais vil pecador e faze-lo uma nova criatura: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5:17).

2.       Devemos reconhecer e aceitar o ensino paulino como procedentes do próprio Cristo, pois, sua mensagem não é segundo os homens, mas vem de Cristo, ou seja, reflete a vontade do Senhor, então devemos obedecê-la e transmiti-la.



sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

As Marcas da Verdadeira Igreja


Mt 18.15-17; Rm 11.13-24; 1 Co 1.10-31; Ef 1.22,23; 1 Pe 2.9,10

Visto que o mundo se acha semeado de milhares de instituições distintas chamadas igrejas e visto ser possível que instituições, assim como indivíduos, se tornem apóstatas, é importante sermos capazes de discernir as marcas essenciais de uma verdadeira e legítima igreja visível. Nenhuma igreja está isenta de erros ou pecados. A igreja só será perfeita no céu. Há, porém, uma importante diferença entre corrupção - que afeta todas as instituições - e apostasia. Portanto, para proteger o bem-estar e crescimento do povo de Deus, é importante definir as marcas da verdadeira igreja.

Historicamente, as marcas da verdadeira igreja têm sido definidas assim: (1) a genuína pregação da Palavra de Deus, (2) o uso dos sacramentos de acordo com sua instituição e (3) a prática da disciplina eclesiástica.

(1) A pregação da Palavra de Deus. Embora as igrejas difiram em detalhes teológicos e em níveis de pureza doutrinária, a verdadeira igreja afirma tudo aquilo que é essencial à vida cristã. Semelhantemente, uma igreja é falsa ou apóstata quando nega oficialmente um princípio essencial da fé cristã, tal como a divindade de Cristo, a Trindade, a justificação pela fé, a expiação ou outras doutrinas essenciais à salvação. A Reforma, por exemplo, não moveu um guerra sobre trivialidades, mas sobre uma doutrina fundamental da salvação.

(2) A administração dos sacramentos. Negar ou difamar os sacramentos instituídos por Cristo é falsificar a igreja. A profanação da Ceia do Senhor ou o oferecimento deliberado dos sacramentos a pessoas notoriamente não-crentes desqualificaria a igreja de ser reconhecida como igreja verdadeira.

(3) A disciplina eclesiástica. Embora o exercício da disciplina na igreja às vezes erre na direção ou da complacência ou da severidade, ele pode tornar-se tão pervertida a ponto de não mais ser reconhecida como legítima. Por exemplo, se uma igreja - pública e impenitentemente - endossa, pratica ou se recusa a disciplinar pecados grosseiros e hediondos, ela deixa de exibir esta marca de verdadeira igreja.

Embora os cristãos devem ser solenemente advertidos a não nutrirem um espírito cismático ou fomentarem divisões e conflitos, devem ser também advertidos quanto à obrigação de se separarem da falsa comunhão e da apostasia.

Toda igreja verdadeira exibe as genuínas marcas de uma igreja, em grau maior ou menor. A reforma da igreja é uma tarefa interminável. Buscamos mais ser fiéis à vocação bíblica para pregar, ministrar os sacramentos e a disciplina eclesiástica.

Sumário

1. A verdadeira igreja tem marcas visíveis que a distinguem de uma igreja falsa ou apóstata.

2. A pregação do evangelho é necessário para que uma igreja seja legítima.

3. A administração correta dos sacramentos, sem profanação, é uma marca da igreja.

4. Disciplina contra heresias e pecados grosseiros é uma tarefa necessária da Igreja.

5. A igreja é sempre carente de reforma de acordo com a Palavra de Deus.



R. C. Sproul


Fonte: 3º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A Autoridade de Paulo e a Defesa do Evangelho (Gálatas 1: 1 – 10)

INTRODUÇÃO:

Homer e Langley Collyer eram filhos de um respeitado médico de Nova Iorque. Quando o Dr. Collyer morreu, no início do século passado, os filhos herdaram a casa e o patrimônio da família. Os dois filhos, ambos solteiros, estavam financeiramente muito bem de vida.

Mas, os irmãos Collyer optaram por um estilo de vida nem um pouco coerente com o status que a herança lhes conferiu. Viviam em reclusão quase completa.

No dia 21 de março de 1947, a polícia recebeu um telefonema, indicando que um homem teria morrido naquela casa trancada. Quando os policiais conseguiram entrar na casa, encontraram o corpo de Homer estirado sobre uma cama. Ele morrera abraçado a um exemplar de um jornal matutino judaico, datado de 22 de fevereiro de 1920.

Quase três semanas após iniciado o trabalho de remover o entulho, alguém fez uma descoberta espantosa. O corpo de Langley fora encontrado debaixo de um monte de detritos, dois metros distante da cama onde Homer havia morrido.

Aparentemente, os irmãos Collyer  eram colecionadores. Colecionavam tudo, especialmente sucatas. A casa deles estava abarrotada de máquinas quebradas, peças de automóveis, caixas, eletrodomésticos, instrumentos musicais, trapos, todo tipo de bugigangas e pilhas de jornais velhos.

 O lixo removido da casa dos irmãos Collyer totalizou mais de 140 toneladas. Na verdade, tudo aquilo não tinha nenhum valor. Não obstante terem recebido um suntuoso legado deixado pelo pai, eles se embebedaram com o lixo do mundo.

Em suas três famosas viagens missionárias Paulo pregou o evangelho e plantou igrejas nas províncias da Galácia, Ásia, Macedônia (norte da Grécia) e Acaia (sul da Grécia). Além disso, suas visitas eram seguidas de cartas, com as quais ele ajudava a supervisionar as igrejas que fundara.

A carta em apreço deve ter sido a primeira escrita por Paulo (cerca de 48 ou 49 d. C). Ela foi dirigida as igrejas da Galácia, quatro cidades da parte sul da província (Antioquia, Icônio, Listra e Derbe) que Paulo evangelizou durante sua primeira viagem missionária, narrada nos capítulos 13 e 14 de Atos.
No primeiro parágrafo de sua carta aos gálatas, Paulo menciona dois temas aos quais ele irá retornar constantemente: seu apostolado e seu evangelho.

Desde sua visita àquelas cidades da Galácia, as igrejas que ele havia estabelecido vinham sendo perturbadas por falsos mestres. Eles contestavam o evangelho da justificação pela fé e salvação somente pela graça, insistiam que para se obter a salvação era necessário algo mais do que a fé em Jesus Cristo, era preciso circuncidar-se e guardar a Lei de Moisés.

Procuravam também atacar a autoridade de Paulo, afirmando que ele não era apóstolo, que não passava de um impostor que nomeou a si mesmo.

Percebendo o perigo desses ataques, já no início da epístola, Paulo faz uma declaração de sua autoridade apostólica e do seu evangelho da graça.

A Autoridade de Paulo (vs. 1, 2).

Paulo reivindica para si aquele título que os falsos mestres estavam lhe negando. Ele era um Apóstolo de Jesus Cristo.

Foi esse o título que Jesus Cristo usou para seus representantes especiais. O Novo Testamento mostra que este grupo era pequeno e único. A palavra apóstolo não era uma palavra comum, que pudesse ser aplicada a qualquer cristão como as palavras crente, santo, ou irmão.

Era um termo especial reservado aos doze e mais dois outros que o Cristo ressuscitado designara. Os apóstolos não tiveram sucessores no ofício, eles foram únicos.

Paulo afirma categoricamente que seu apostolado não é humano, mas divino. Deus Pai escolheu Paulo para ser apóstolo e o designou para este cargo através de Jesus Cristo, o qual Deus o ressuscitou dentre os mortos.
Paulo foi vocacionado para o apostolado na estrada para Damasco e Paulo se refere a esta visão como sendo uma condição essencial do seu apostolado (I Co. 9: 1; 15: 8, 9).

O Verdadeiro Evangelho (vs. 3, 4).

Paulo passa a falar do grande evento histórico no qual q graça de Deus foi exibida e do qual deriva a sua paz. Vejamos o evangelho que Paulo anunciava:

Cristo Morreu Pelos Nossos Pecados.

A Morte de Jesus Cristo foi um sacrifício pelo pecado, o único sacrifício pelo qual os nossos pecados poderiam ser perdoados e esquecidos. Jesus Cristo tomou sobre a sua justa pessoa a maldição e o juízo que os nossos pecados mereciam.

Cristo Morreu Para Nos Libertar Deste Mundo.

O verbo grego neste versículo é usado também em At. 7: 34 = referindo-se à libertação dos israelitas da escravidão egípcia; Atos 12: 11  à libertação de Pedro da prisão e das mãos do Rei Herodes e em Atos 23: 27 sobre a libertação de Paulo da multidão enfurecida que estava para linchá-lo. Este versículo em Gálatas é a única passagem em que o termo é usado metaforicamente para referir-se a salvação.

Cristo Morreu para nos libertar da antiga condição e nos transportar para uma nova condição, portanto, conversão cristã significa nova vida.

Cristo Morreu de Acordo Com Vontade de Deus.

Tudo acontece conforme a vontade de Deus. Na Cruz a vontade do Pai e a vontade do Filho estavam em perfeita harmonia.

O Desprezo ao Evangelho Pelos Gálatas (vs. 6).

A Palavra grega (metatithemi) utilizada para “passando” tão depressa, significa “transferir a fidelidade” = é usada com referência a soldados do exercito que se rebelam ou desertam, e a pessoas que mudam de partido na política ou filosofia.

Paulo os acusa de desertores espirituais, pois, estavam abandonando aquele que os chamara para a graça de Cristo e abraçando um outro evangelho, um evangelho de obras pregado pelos judaizantes.

Esses falsos mestres ensinavam o dever da circuncisão (At. 15: 1) e a observância de determinados aspectos da Lei para se obter a salvação, era como se o sacrifício de Cristo não fosse suficiente para nos salvar. Era necessário acrescentar nossas obras à obra de Cristo.

Paulo não tolera esse ensinamento. A obra de Cristo é uma obra acabada, e o evangelho de Jesus Cristo é o evangelho da graça.

O apóstolo é contundente em sua afirmação, ele diz que afastar-se do evangelho da graça é o mesmo que afastar-se do Deus da Graça.

A Distorção do Evangelho Pelos Falsos Mestres (vs. 7).

Perturbar (tarasso) = significa sacudir ou agitar, esta perturbação era causada pela falsa doutrina.

Distorcer ou Perverter = eles estavam não apenas corrompendo o evangelho, mas realmente invertendo-o e quando se modifica ou fazem-se acréscimos ao evangelho, altera-se também o seu caráter. 

As Congregações gálatas haviam sido lançadas pelos falsos mestres a um estado de confusão: confusão intelectual de um lado e divisões do outro.

A Defesa Enérgica do Evangelho Pelo Apóstolo Paulo (vs. 8, 9).

Paulo fica indignado com os falsos mestres, sobre os quais ele anuncia uma solene maldição: (vs. 8, 9).

A palavra utilizada por anátema era usada para indicar banimento divino, a maldição de Deus sobre qualquer coisa ou pessoa que ele destinasse a destruição. Paulo expressa o desejo de que o juízo de Deus recaia sobre eles.

A maldição de Deus que Paulo invoca repousa sobre todo e qualquer mestre que distorça a essência do evangelho.

No versículo 8, ele aplica especialmente a anjos e a homens, e então acrescenta a sua própria pessoa: “ainda que nós”.

Tão desinteressado é o zelo de Paulo pelo evangelho que ele até deseja que a maldição de Deus recaia sobre ele próprio, caso venha a perverte-lo.

APLICAÇÃO:

1.       Os falsos mestres estavam questionando a autoridade apostólica de Paulo, pois, queriam colocar em xeque sua pregação. Contudo, Paulo mostra que foi vocacionado por Deus através de Cristo para ser apóstolo e que tem as credenciais do apostolado. Hoje, não existe o ofício de apóstolo, esse título era restrito aqueles que foram chamados por Cristo durante o seu ministério terreno, incluindo ainda Paulo e Matias.

2.       O Deus Vivo operou em graça para nossa salvação. Deus alcança de forma livre e soberana pecadores perdidos que se reconhecem indignos de Salvação, pelo fato de não haver mérito no ser humano, a salvação é obra da graça divina.

3.       Tornar as obras necessárias a salvação, como fazem os falsos mestres, é o mesmo que desprezar a obra de Jesus Cristo (Gl. 2: 21). Afastar-se deste evangelho da graça é como se afastar do Deus da graça, é distanciar-se do evangelho verdadeiro.

CONCLUSÃO:

A história de Homer e Langley Collyer constitui uma triste, porém exata, parábola a respeito da maneira como muitos vivem na igreja contemporânea. Muitos crentes vivem de forma semelhante aos irmãos Collyer, desprezando as abundantes riquezas de uma herança que não se corrompe, exploram minunciosamente os escombros da sabedoria humana, colecionando lixo.

Como se as riquezas da graça de Deus não lhes bastassem, como se todas as coisas que conduzem a vida e a piedade não fossem suficientes, eles procuram complementar a Salvação que em Cristo, lhes pertencem.