segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O Sexto Mandamento-(Êx 20.13)


Introdução:
Juntamente com o oitavo mandamento, esse é um dos mandamentos mais breves da Lei-Palavra de Deus. Talvez seja por isso que a grande maioria das pessoas tenha uma compreensão tão superficial dele. Muitos quando ouvem a sentença: “Não matarás”, dizem: “Veja só, aqui está um mandamento o qual eu nunca quebrei”. 

Quando alguém diz isso, demonstra que nunca compreendeu o real sentido daquelas palavras. Ela nunca entendeu o princípio por trás desta ordenança. Essa pessoa apenas leu a letra da lei e esqueceu-se do seu espírito.

Por trás de cada mandamento do Senhor há sempre um princípio regente, um princípio normativo. Este princípio deve ser compreendido e assimilado à nossa vida para só então podermos cumprir as exigências daquele.

Qual é, então, o princípio do sexto mandamento? Qual o porquê desta ordenança? O que o Senhor Deus quis dizer com o “não matarás”? 

I-O princípio que rege o sexto mandamento é o da proteção da vida.

Deus tinha em vista a preservação da maior de todas as Suas criações: o homem, feito à sua imagem (Gn 1:27):

“E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. 

João Calvino disse do sexto mandamento:

(as) “Escrituras nos dão duas razões sobre as quais se fundamenta o sexto mandamento. A primeira é que o ser humano é feito à imagem de Deus; a segunda é que somos todos a mesma carne. Portanto, agredir a vida, quer a de outro ou a nossa, constitui desrespeito a Deus que imprimiu Sua imagem no homem (Gn 9:6). E como Ele criou o gênero humano vinculando-o em uma unidade, foi-nos delegada a função de preservarmos tal unidade pelo cuidado mútuo”.

O valor que devemos dar a vida, não deve ser a vida pela “vida” (como um fim em si mesmo, como o fazem os humanistas), mas sim, porque Deus é Aquele que tira e que dá a vida. De modo, que tirar a vida de alguém é pecar contra esse direito e autoridade divina.

II-O lado positivo e negativo do sexto mandamento

Ninguém pense que cumprirá o sexto mandamento apenas agindo de forma negativa (não matando ninguém). No seu comentário do Pentateuco Calvino nos diz:

“Há, portanto, duas partes nesse mandamento: primeiro não devemos oprimir ou estar em inimizade com ninguém, e segundo, não devemos apenas viver em paz com os homens, mas também devemos ajudar o oprimido e resistir o mal”.

O catecismo Maior de Westminster resumiu assim as formas negativas e positivas relacionadas com esse mandamento:


P-136 CMW Quais são os pecados Proibidos no sexto mandamento?

1. O tirar a nossa vida ou a de outrem, exceto no caso de justiça pública, guerra legítima ou defesa necessária (At 16:27-28; Gn 9:6; Nm 35:31,33; Dt 20:1-20; Ex 22:2);

“Se o ladrão for achado roubando, e for ferido, e morrer, o que o feriu não será culpado do sangue”. 

2. A negligência ou retirada dos meios lícitos e necessários para a preservação da vida (Mt 25:42,43).

3. Sentimentos maus (Tg 2:15,16; Mt 5:22; I Jo 3:15).

4. Todas as paixões excessivas e cuidados demasiados, o uso inadequado de comida, bebida, trabalho e recreios (Mt 6:31,34; Lc 21:34; Ex 20:9,10; I Pe 4:3,4).

5. Palavras provocadoras (Pv 15:1; 12:18; Mt 5:22).

6. A opressão, a contenda, os espancamentos, os ferimentos e tudo o que tende à destruição da vida de alguém (Is 3:15; Ex 1:14; Gl 5:15; Nm 35:16; Ex 21:18-36).

P-135 Quais são os deveres exigidos no sexto mandamento?

1. Todo empenho cuidadoso e todos os esforços legítimos para a preservação de nossa vida e a de outros (Mt 10:23; Sl 82:4; Dt 22:8; Ef 4:26; Pv 22:24,25).

2. Fazer justa defesa da vida contra a violência (I Sm 26:9-11; Pv 24:11,12; I Sm 14:45).

3. Paciência em suportar a mão de Deus (Tg 5:8; Hb 12:5).

4. Espírito manso e alegre (Sl 37:8,11; Pv 17:22; I Ts 5:16).

5. O uso sóbrio de comida, bebida, remédios, sono, trabalho e recreios (Pv 33:20; 25:16; 23:29,30; I Tm 5:23; Mt 9:12; Is 38:21; Sl 127:2; II Ts 3:10,12; Mc 6:31).

6. Pensamentos e sentimentos puros, comportamento e palavras pacíficas, brandas e corteses (I Tm 4:8; I Co 13:4,5; I Sm 19:4,5; Rm 13:10; Pv 10:12; Zc 7:9; Cl 3:12).

7. Longanimidade e prontidão para se reconciliar, suportando pacientemente e perdoando as injúrias (Rm 12:18; I Pe 3:8,9; I Co 4:12,13; Cl 3:13; Tg 3:17; I Pe 2:20).

8. Dar bem por mal, confortando e socorrendo os conflitos, protegendo e defendendo o inocente (Rm 12:20-21; Mt 5:24; I Ts 5:14; Mt 25:35,36; Pv 31:8,9; Is 58:7).



III-Como harmonizar o sexto mandamento com a pena de morte instituída por Deus em (Gn 9:6)? Ou com as guerras e a questão de matar em defesa própria?

Em primeiro lugar, precisamos entender o que significa “matar” no sexto mandamento, para isso precisamos conhecer a palavra hebraica traduzida por “matar” em Ex 20:13. A palavra aqui encontrada é rasah e significa “o assassinato violento de um inimigo pessoal” (II Rs 6:32). Por isso “não assassinarás” seria uma tradução melhor. Este verbo nunca é usado para um assassinato em defesa própria (Ex 22:2), uma morte acidental (Dt 19:5), a execução de assassinos ou situação de guerra (Gn 9:6), homicídio não premeditado (Ex 21:12-14) ou homicídio acidental (Nm 35:23). Para estes casos existem seis outros vocábulos hebraicos.

O “não matarás” não pode ser uma reprovação à pena capital porque a lei de Deus prescrevia a pena máxima nos seguintes casos:

(a) assassinato premeditado (Ex 21:12-14);

(b) sequestro (Ex 21:16; Dt 24:7);

(c) adultério (Lv 20:10-21; Dt 22:22);

(d) homossexualismo (Lv 20:13);

(e) incesto (Lv 20:11,12,14);

(f) bestialidade (Ex 22:19; Lv 20:15,16);

(g) desobediência aos pais (Dt 17:12; 21:18-21);

(h) ferir ou amaldiçoar os pais (Ex 21:15; Lv 20:9; Mt 15:4);

(i) falsas profecias (Dt 13:1-10);

(j) blasfêmias (Lv 24:11-14);

(k) profanação do sábado (Ex 35:1; Nm 15:32-36);

(l) sacrifício aos falsos deuses (Ex 22:20).


O sexto mandamento e a guerra

Os pacifistas querem nos fazer pensar que esse mandamento proíbe a guerra legítima. Entretanto, as guerras não podem ser proibidas por estas palavras porque o próprio Deus foi, por várias vezes, o agente ativo de guerras no AT. Ele ordenou guerras contra Amaleque (Ex 17:8-16; I Sm 1:7-9), contra Jericó (Js 6:2ss), contra os filisteus (I Sm 1:7-14), contra os amonitas (I Sm 11:1-11) e muitos outros.

Deus é por várias vezes chamado de “homem de guerra” (Ex 15:3; Is 42:13). Um de Seus títulos é “Senhor dos exércitos”. Muitas vezes Ele combateu sozinho enquanto o exército de Israel só olhava (II Cr 20:17). Por isso os israelitas jamais consideraram o sexto mandamento como uma proibição à guerra, pois Deus não pretendera proibi-la.

A posição do cristão frente à guerra deve ser motivo de reflexão e julgamento (sempre à luz das escrituras), pois nem todas as guerras têm motivos justos.

O sexto mandamento e a eutanásia

Eutanásia significa literalmente “boa morte”. Ela é uma “prática pela qual se procura dar fim ao sofrimento de um doente em estado terminal”.

A eutanásia é uma tentativa de interferência na obra do Criador e Conservador da vida (At 17:25; Sl 104:4-30; Ec 8:8), ela é fruto de um humanismo egoísta e materialista que afirma que somente uma vida “útil” e saudável é digna de ser vivida. Quando a vida em si já possui grande valor porquanto é uma obra do Deus Criador.

A possibilidade da eutanásia livraria facilmente famílias fracas e sem valor cristão, pois veriam aí uma saída “legítima” para se livrarem de membros incômodos.


O sexto mandamento e o aborto

O aborto é a expulsão de um feto da barriga da mãe antes que ele complete seis meses. Neste episódio ele ainda não possui condição de sobrevivência no mundo aqui fora.

Alegam-se, hoje em dia, quatro motivos “justificáveis” para o aborto:

1. Motivo médico 2. Motivo ético/judicial 3. Motivo genético 4. Motivo social:


O sexto mandamento e o ensino de Jesus na nova aliança

(Mt 5:21-22)

“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco será réu do fogo do inferno”. 

A interpretação tradicional dada pelos fariseus é totalmente contrariada por Cristo quando ele diz: “Ouvistes que foi dito” (tradição oral interpretativa), “Eu porém, vos digo” (o que jamais deve ser interpretado como uma contradição entre o que Deus diz na Antiga aliança e o que Cristo diz na nova).

No entanto, Jesus afirma o princípio da lei, dizendo que a ira sem motivo contra um irmão é o mesmo que homicídio literal. Não somente isso, o Senhor também nos diz jamais devemos proferir insultos contra o próximo. Jamais devemos manifestar desprezo por alguém. Raca significa “sujeito indigno”. Tal expressão e similares demonstram os maus desígnios do nosso coração.

 “Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios” (Mc 7:21).

Calvino disse: “É verdade que as mãos são quem levam a cabo o homicídio, mas o coração é quem o concebe, quando se sente incendiado em ódio e em ira”.

“Qualquer que odeia a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele”. (1 Jo 3:15).

A quebra do sexto mandamento reside justamente nas motivações e intenções do nosso coração. No v.12 João cita o caso de Caim e Abel. Quando foi que Caim matou o seu irmão? Será que foi quando ele consumou o ato? A história nos mostra que não (Gn 4:9) “E disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?”. A atitude de desprezo nos revela que Caim o matou primeiro no coração.

Conclusão: 

Quero concluir com três aplicações práticas pra nós:

1-A vida é um dom de Deus, isso nos ensina que só ele é quem tem direitos legítimos sobre ela.

2-Uma atitude de covardia e omissão não deve ser confundida com a guarda do sexto mandamento, pois nós temos que fazer algo para proteger a vida.

3-Examinemos a nós mesmos! Quantas vezes temos quebrado esse mandamento! Devemos orar por arrependimento e, se porventura, temos algo contra alguém devemos perdoar e nos reconciliar, pois isso é infinitamente menor do que ele fez por nós.

Jairo Rivaldo

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A Pecaminosidade Humana e a Graça Divina-Gênesis 6: 1-9


INTRODUÇÃO:  
                                            
Na semana anterior ouvimos sobre a genealogia de Sete que foi um dos filhos de Adão e que de acordo com o propósito de Deus nasceu para dar continuidade a boa semente da mulher. Podemos ainda observar que na genealogia abençoada de Sete se encontrava Enoque, um homem que andou com Deus, então, tratamos sobre o privilégio de andar com Deus, fazendo parte da semente abençoada.

Hoje, com base no texto em apreço, nós vamos estudar e refletir sobre a escalada do pecado antes do Dilúvio e a solução providenciada por Deus com o objetivo de resolver este grande problema da humanidade.

Perceberemos que, apesar da pecaminosidade humana, Deus continua agindo de maneira graciosa e preservando a descendência da semente da mulher. Sendo assim, vamos meditar no seguinte tema:

A Pecaminosidade Humana e a Graça Divina

1.      Características da Pecaminosidade Humana.

1.1.Relacionamentos Que Não Cumprem o Propósito de Deus (vs.1, 2);

“Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram” (vs. 2).

A interpretação cristã tradicional, endossada por Lutero e Calvino, entendeu os filhos de Deus, como sendo os filhos de Sete, e as filhas dos homens, como sendo as filhas de Caim, e o pecado em decorrência da mescla das duas sementes contaminou a linhagem.

Eu entendo que esta é a melhor interpretação, pois se ajusta melhor ao contexto imediato que contrasta a maldita sobrecarga de Caim com a linhagem santa de Sete.

O pecado nos critérios da escolha reitera o padrão do pecado original (viu, achou atraente e a tomou). Deixaram-se guiar pela aparência externa e pela lascívia, não pelo discernimento espiritual.

1.2.Descendência Pecadora Que Enche a Terra de Violência (vs. 4);

Esses gigantes constituem a descendência fruto da união entre os filhos de Deus e as filhas dos homens, eles enchem a terra de violência. São indivíduos pecadores que oprimem e aterrorizam a terra.

O termo “valente e varões de renome” pode prover a base histórica por trás dos heróis semidivinos, reconhecidos nas nações pagãs. A palavra usada aqui no verso 4 é a mesma que é usada para Ninrode e seu reino pecaminoso em (Gn. 10: 8-11). 

1.3.A Amplitude do Alcance do Pecado no Homem (vs. 5).

“O SENHOR viu a maldade”, perceba o contraste desta afirmação com Gn. 1, antes o que Deus viu era bom. Agora a criação da humanidade corrompeu a terra. Este ato de visualizar a terra indica que Deus não traz juízo sem a plena consciência da situação.

Esse versículo ainda nos mostra um retrato em cores vivas da profundeza e extensão da depravação humana, o homem foi totalmente afetado pelo pecado.

2.      Características da Graça Divina.

2.1.A Longanimidade Divina (vs. 3);

“O meu Espírito não agirá para sempre no homem”, transmite a ideia de que Deus não permitirá interminavelmente que seu espírito doador de vida vivifique os que subvertem seu mundo. O fôlego de vida lembra que ele é quem doa e suprime a vida.

“Cento e vinte anos”, provavelmente seja o espaço de tempo entre esta proclamação e o dilúvio (comp. Gn. 7: 6). O juízo de Deus é contemporizado pela graça, a delonga de 120 anos permite que as pessoas tenham tempo de arrepender-se.

2.2.O Sentimento Divino (vs.6);

Temos aqui uma referência a uma mudança de atitudes e ações. Lembrando que esta descrição é antropopática (Deus é descrito em termos da experiência humana de conhecimento e emoção), devemos também reconhecer que o Deus Soberano e imutável sabe lidar apropriadamente com as mudanças no comportamento humano.

Quando eles pecam ou se arrependem do pecado, ele muda o “seu pensamento” quanto a bênção ou punição adequadas para a situação, tudo de acordo com os seus soberanos e eternos propósitos.
“e isso lhe pesou no coração”, no hebraico significa ira indignada, o sacrifício de Cristo pacificará a amarga indignação de Deus contra o pecado (Gn. 8: 21).

2.3.O Juízo Divino Permeado de Misericórdia (vs. 7-9).

Conforme o versículo 7, o juízo de Deus sobre o primeiro cosmos, durável até o dilúvio, é um modelo profético da segunda vinda do juízo sobre o segundo cosmos em vigor, durável desde o dilúvio até a destruição pelo fogo (II Pd. 3: 5-7).

Noé representa um novo começo (vs. 8), não a despeito do pecado, mas em virtude de sua retidão (vs. 9).

Porém, o narrador deixa claro que a retidão de Noé não é propriamente sua, mas um dom da graça de Deus, justamente como foi um dom da graça de Deus a inimizade posta no coração de Eva contra a serpente. Então, até mesmo no juízo divino percebemos a sua graça agindo.

APLICAÇÃO:

A história da salvação revela quão pecador é o ser humano, afirmando que a partir da transgressão de Adão nascemos em pecado (Sl. 51: 5), que somos possuidores de um coração corrupto e enganoso (Jr. 17: 9), que somos cheios de impurezas, que até mesmo os nossos atos de justiça não valem de nada diante de Deus, pois, são motivados pelo egoísmo e autopromoção. Ou seja, o homem natural está cada vez mais distante de Deus.

Mas, assim como Ele levantou Noé no meio de um mundo aterrorizado por pessoas más e pecadoras para simbolizar um novo começo, Deus também levantou Jesus Cristo para solucionar o problema do pecado humano, proporcionando ao pecador uma nova vida, um novo começo, um novo rumo para sua história, o que o pecador precisa é arrepender-se dos seus pecados e depositar confiança no sacrifício de Cristo como sendo em seu benefício.

CONCLUSÃO:

Como pudemos observar desde o princípio a humanidade distanciou-se da vontade de Deus, eles preferiram seguir seus propósitos egoístas, mesquinhos e prejudiciais.

Mas, mesmo trazendo juízo merecido sobre a humanidade, Deus preserva a semente da mulher, para que através de Jesus Cristo tenhamos vida eterna (aquele que crê)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Andar Com Deus é um Privilégio-Gn. 5: 21 - 24


INTRODUÇÃO:

John Huss (1369-1415) foi um homem de origem simples. Nasceu no vilarejo de Hussinecz, sul da Boêmia. Seus pais eram camponeses. Sua mãe, muito religiosa, quis que o filho fosse sacerdote, mas seu interesse por Deus veio quando ele começou a estudar mais profundamente a respeito da Bíblia.

Assim, formou-se na universidade, tornou-se Mestre e dirigente da Capela de Belém, em Praga, cidade importante em seu país.

Huss foi um servo dedicado. Sua preocupação era agradar a Deus com uma vida de comunhão e prover sólida alimentação espiritual ao povo. Criticava duramente os líderes da Igreja por usarem seus ofícios em benefício próprio, vivendo no conforto e na imoralidade.

Huss, influenciado pelos escritos de John Wycliff, tornava-se cada vez mais um apaixonado pela reforma da Igreja de Jesus Cristo.

Em 1405 declarou que a suposta aparição do sangue de Cristo nos elementos da comunhão não passava de embuste. Em seus sermões, condenava o pecado dos padres, bispos e arcebispos. Declarava que os crentes tinham o mesmo direito que os sacerdotes de participarem do cálice na ceia, e não somente do pão. Ridicularizava o pretenso poder dos sacerdotes de concederem o Espírito Santo a uma pessoa ou mandarem-na para o inferno.

Foram muitas e duras às críticas expostas por Huss do púlpito de sua igreja e da tinta de sua pena. Huss via a Igreja de Cristo em uma situação de calamidade e não pôde se conter diante de tantas irregularidades.

Em 1412, o papa João XXIII proclamou uma cruzada contra o rei Nápoles, que tornara-se rebelde. Para levantar fundos contra a guerra, o papa institui a venda de indulgências (perdão) em larga escala por todo o império. Huss ficou horrorizado com isso e declarou: “mesmo que o fogo para queimar o meu corpo seja colocado diante dos meus olhos, eu não obedecerei”. E ainda, diante de grande pressão, declarou: “Ficarei em silêncio? Deus não permita! Ai de mim, se me calar. É melhor morrer, do que não me opor diante desta impiedade, o que me faria participante da culpa e do inferno.”

Depois de ter sido excomungado 4 vezes, John Huss foi preso e ficou nesta condição vários meses aguardando o seu julgamento, as condições na sela eram tão precárias que Huss ficou seriamente enfermo e quase morreu.

Finalmente, quando Huss foi chamado ao Concílio. Advertiram: “Reconsidere seus escritos, ou morre”. Huss não voltou atrás. Então, rasgaram suas vestes e colocaram em sua cabeça uma mitra de papel com 3 demônios desenhados e escrito “Eis um herege”. Acompanhado por uma multidão, Huss, amarrado e puxado pela ruas de Constança foi ao local de sua morte.

Na presença de homens, mulheres, velhos e crianças, Huss foi amarrado numa estaca e lhe deram mais uma oportunidade para rever seu ensino. Mas em um grito respondeu: “Deus é minha testemunha de que a principal intenção foi tão somente libertar os homens de seus pecados e baseado na verdade do Evangelho que preguei e ensinei, estou realmente feliz em morrer hoje.” Com estas palavras um sinal foi dado ao executor que acendeu a fogueira. Por entre chamas e fumaças Huss entoou uma melodia “Jesus, Filho do Deus vivo, tem misericórdia de mim.” Huss morreu cantando.

ELUCIDAÇÃO:

Neste relato da genealogia de Adão (vs. 1), Moisés dá ênfase a linhagem da aliança de Sete (cap. 5), depois resume a escalada do pecado na Terra antes do Dilúvio (Gn. 6: 1-8).

Os versículos 1 – 3 mostra a piedosa linhagem de Sete, em contraste com a de Caim (Gn. 4: 17-24), evidenciando ainda que, o propósito de Deus para a criação se realizará através de Sete e não de Caim.

Nos versículos 3 – 32 contém dez parágrafos, cada um escrito da mesma forma, com um paragrafo para cada geração na linhagem de Adão até Sete.

Percebemos também significativas semelhanças formais e diferenças materiais entre a genealogia de Sete e a de Caim. Por exemplo, ambas são inicialmente lineares, mantendo o foco em um individuo em cada geração e sendo concluídas pela divisão da linhagem entre três filhos (Gn. 4: 19-22/ comp. Gn. 5: 32).

Porém, os temas centrais destas genealogias são contrastantes. Por exemplo, A linhagem de Caim acaba no Diluvio; a de Sete sobrevive a este. Enquanto a primeira delas apresenta a linhagem amaldiçoada de Caim, que se conclui assassinato gerando assassinato (Gn. 4: 17-24), a última une o fundador da humanidade, Adão, com o seu novo fundador, Noé (Gn. 4: 25, 26).

Devemos entender que o Enoque e o Lameque na linhagem de Sete não devem ser confundidos com os descendentes de Caim que têm o mesmo nome.

O Lameque da linhagem de Sete dá a seu filho o nome de Noé, na esperança de que o Senhor os consolasse (vs. 29). Enoque, o sétimo na linhagem de Sete, “andou com Deus e Deus o tomou para si”.

Hoje, nós vamos nos deter um pouco mais neste texto (vs. 21-24) e analisaremos melhor a vida e Enoque, pois ele andou com Deus.

TEMA: Andar Com Deus é um Privilégio

1.       Significa ter Comunhão íntima e Sobrenatural Com o SENHOR.

A descrição de Enoque se desvia da genealogia padrão, lançando luz em sua retidão. Nesta linhagem, ele é o sétimo na lista, uma posição favorecida nas genealogias bíblicas, Enoque é um símbolo da força pactual desta linhagem.

Enoque teve comunhão com Deus, pois nos diz o texto que ele “andou com o Senhor”. Ou seja, ele tinha intimidade com o Deus Soberano.

O interessante é que sendo da mesma genealogia é dito também que Noé “Andava com Deus” (Gn. 6: 9), ambos faziam parte da Semente da mulher e desfrutavam de Comunhão com Deus.
 O autor de Hebreus nos diz que antes de ser arrebatado Enoque obteve testemunho de que havia agradado a Deus (Hb. 11: 5), a maneira anormal com que Deus o tirou da terra foi um sinal extraordinário pelo qual seus contemporâneos poderiam ver quão querido de Deus ele era.
Quando desenvolvemos uma vida de comunhão com Deus evidenciamos amor ao Eterno Senhor e somos amados por Deus.

2.       Quem Anda Em Comunhão Com Deus, Neste Mundo Apóstata, Desfruta de Vida e Não de Morte.

Enoque anda com Deus em circunstancias difícil, a descrença e todo gênero de corrupção prevaleciam por toda a parte.

Talvez, se sua morte tivesse ocorrido de forma costumeira, jamais teria ocorrido a alguém que ele fora poupado pela providência divina de ser contaminado pelo contágio.

Ao ser ele arrebatado sem que visse a morte, tal fato revelou claramente a mão de Deus, desde o céu, removendo-o como do fogo, mostrando que quem vive em comunhão com Deus neste mundo, desfruta de vida e não de morte.

Esta é a mesma ideia do salmista Asafe: “Guiar-me-ás com o teu conselho, e depois me receberás na glória. Quem tenho eu no céu senão a ti? e na terra não há quem eu deseje além de ti”. (Salmos 73: 24-25).
3.       Embora Longevidade Possa Indicar Um Sinal do Favor Divino, Viver na Presença De Deus é o Maior Dos Privilégios.

Quando comparamos o tempo de vida de Enoque na terra com o tempo de seu filho Matusalém, podemos dizer que ele viveu pouco, mas, foi um vida abençoada, pois foi vivida na presença de Deus.

O versículo 24 nos diz que: “Deus o levou para si”. Descreve um misterioso desaparecimento. De todos os santos registrados no Antigo Testamento, somente Enoque e Elias são apresentados como não experimentando a morte física.

A expressão “o levou” difere de “tirar a vida de alguém”, indicando morte prematura, ou seja, o Senhor o arrebatou.

O interessante é que havia a compreensão no Antigo Testamento que longevidade era sinal do favor divino: “Vida longa eu lhe darei, e lhe mostrarei a minha salvação"  (Salmos 91:16).
A extensão breve da vida abençoada de Enoque, mostra que viver na presença de Deus e o maior dos privilégios.

APLICAÇÃO:

Andar com Deus significa ter comunhão com Ele, contudo, a bíblia nos mostra que para ter comunhão com Deus é necessário ter fé no sacrifício de Jesus Cristo, crê que além de perdão e salvação, o sangue derramado no Calvário nos dar acesso ao Trono de Deus;

Vivemos num mundo que está em trevas espirituais, que distorce os valores e princípios bíblicos, que aplaude rebeldia, que incentiva ao pecado, ou seja, as circunstancias que nos envolve são difíceis, mas Deus nos chama a andar com Ele, pois os que andam com Deus desfrutam de vida eterna;

Nós, crentes em Jesus devemos entender que viver na presença de Deus é o maior dos privilégios, mesmo que vivamos pouco neste mundo, viveremos eternamente com Deus, pois, nos diz a Bílblia que na vida e na morte somos do Senhor.

CONCLUSÃO:

John Huss foi um homem que andou com Deus, vimos que ele enfrentou oposição, perseguição, foi preso e por fim morto. Mas, não abriu mão dos seus princípios, preferiu agradar a Deus à homens, sabemos que isso só é possível quando se tem comunhão íntima e verdadeira com  o Deus Todo poderoso.

Que Deus nos conceda força e graça para andarmos em sua presença! Amém.