sábado, 20 de julho de 2013

O Evangelho da Salvação- Mc 1: 1-13

Introdução:

Quem é Jesus Cristo? Se perguntarmos a qualquer integrante de alguma seita ele dirá: era um homem, mas era cheio do Espírito Santo.  Um muçulmano dirá que ele é um profeta. Um humanista dirá que ele é um mestre da moral. Outros veem Jesus como uma espécie de papai Noel que existe para satisfazer os seus desejos de sucesso e prosperidade, outros o veem como uma espécie de incentivador que está sempre a dizer: “vai você consegue!” Mas quem é Jesus Cristo? Esse livro, que a partir de hoje e talvez durante mais de um ano estejamos expondo, tem a resposta.

Às vezes não queremos ouvir pregações em livros que nós já lemos ou conhecemos a história de cor. Contudo, não devemos cair na tolice de acharmos que já sabemos tudo sobre esse evangelho. Hoje veremos que esse evangelho nos mostra a obra de Salvação realizada por Jesus.
Esse livro foi escrito para nos dizer quem é Jesus.

Antes de expor o texto que lemos devemos fazer algumas considerações sobre a autoria e o propósito desse livro:

Data: Esse é talvez o evangelho mais antigo, escrito provavelmente entre 40 e 50 depois de Cristo. Ou seja, de 20 a 30 anos após a morte de Jesus.

Autoria: Uma tradição muito antiga nos diz que esse evangelho foi escrito por João Marcos. O historiador Eusébio de Cesaréia nos diz que Marcos foi um “ouvinte” de Pedro. O NT nos pouca coisa sobre João Marcos, contudo, existem muitas evidencias de que ele teve contato com o Evangelho muito cedo. A primeira menção a ele está em (At 12:12) E, considerando ele nisto, foi à casa de Maria, mãe de João, que tinha por sobrenome Marcos, onde muitos estavam reunidos e oravam”.

Ele também aparece no v. 25 do mesmo cap. acompanhando Paulo e Barnabé, de quem Marcos era primo. Estes o levariam na sua primeira viagem missionária, mas no meio da viagem (At 13:13) Marcos os abandonou voltando para Jerusalém. Na segunda viagem missionária Paulo entrou em desacordo com Barnabé por conta da deserção de Marcos. Entretanto, Marcos tornou-se um alguém importante na comunidade cristã, pois no final do ministério de Paulo ele pediu a Timóteo que o trouxesse (2 Tm 4:11). É, provavelmente, quando já é um líder cristão que Marcos escreve esse evangelho, que de acordo com os estudiosos foi dirigido especificamente aos gentios.

1-O evangelho das boas novas (v.1).

“Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (v.10).

Observe que Marcos não começa nos falando do nascimento ou da infância de Jesus, ele já começa com Jesus agindo. Essa é uma característica desse evangelho, ele possui o estilo de Pedro, pois é impetuoso, ágil, diz tudo de pronto.  O curioso é que sendo o evangelho ouvido pela boca de Pedro, ele não esconde os defeitos nem as falhas de Pedro (como veremos depois); antes, ele esconde os elogios a Pedro.

* Evangelho significa “boas novas”. Essa era uma expressão muito importante na antiguidade, pois era usada quando reis nasciam. Foi uma expressão utilizada no nascimento de Augusto César.

* Esse livro contém as boas notícias de Jesus derrotando todos os seus inimigos: satanás, seus demônios, seus seguidores, o pecado, as consequências do pecado (doenças, morte).

2-As Boas Novas já eram Aguardadas (v.2-13).

Geralmente quando agente diz que tem uma novidade, uma boa notícia, as pessoas não esperam por isso. Mas com o evangelho foi diferente, ele já era aguardado.

*O evangelho vem do AT (v.2-8,12,13).

“Como está escrito na profecia de Isaias: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti. Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas. Apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de arrependimento, para remissão dos pecados. E toda a província da Judéia e os de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. E João andava vestido de pelos de camelo, e com um cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre. E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das suas alparcas. Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo.  E logo o Espírito o impeliu para o deserto.E ali esteve no deserto quarenta dias, tentado por Satanás. E vivia entre as feras, e os anjos o serviam". 
Devemos abandonar o dispensacionalismo. As pessoas acham que o existe uma ruptura entre AT e NT, dois meios de salvação, dois povos de Deus. De acordo com o dispensacionalismo, o evangelho seria o plano “B” de Deus. É como se Deus dissesse: “já tentei de tudo, agora vou eu mesmo”. Contudo, a bíblia é uma unidade, é um todo coerente, a salvação sempre foi pela graça, o povo de Deus é um só, a diferença do AT para o NT é que os do AT olhavam para frente (aguardando o cumprimento das promessas), e os do NT olham para trás e dizem já chegou já se cumpriu. Agostinho disse: “O velho testamento é revelado no novo, e o novo está escondido no velho”. O texto nos mostra isso claramente:

a) Jesus é chamado de “Cristo” (v.1) Cristo significa o messias, o ungido, aquele que foi prometido para nos trazer salvação.

b) os profetas falaram a respeito dele. Quando lemos “Princípio do Evangelho” não quer dizer que é algo criado do nada, é o princípio do cumprimento das boas novas em Cristo. A libertação do cativeiro por vezes prometida no AT está se cumprindo agora em Cristo.

c) por isso temos aqui a figura de João Batista (que era primo de Jesus). Ele é o ultimo profeta da antiga aliança, ele é o arauto do rei (antes da entrada de um rei em uma cidade ele enviava o seu arauto para anunciar a sua chegada). João Batista como um pregador do AT anuncia a incapacidade da lei de salvar águem. Ele dizia: “vem um que é maior do que eu” (v.7). Apesar da mensagem dura de João, o (v. 5) nos diz: “E toda a província da Judéia e todos os moradores Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados”. Contudo, devemos entender que muitos que foram batizados por João não seguiram a Jesus Cristo (assim como existem muitos nesse mundo que entendem o peso da lei e a necessidade de arrependimento, mas não querem a Cristo). O papel de João Batista pode ser comparado ao papel da lei, era algo incompleto. A lei e João apontavam para Cristo.

c) O fato de aquelas pessoas terem sido batizadas no rio Jordão não significou muita coisa. Para o cristão, o batismo é um símbolo externo de uma realidade interna. Não há nada de especial na água do rio Jordão.
Nada nesse texto é dito sobre o modo de batismo ao qual Jesus se submeteu, mas o (v.8) pode nos dá uma pista: “Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo”.
Mas importante do que o modo, devemos perguntar o porquê Jesus precisou ser batizado? Ele não tinha pecados para confessar, ele não era pecador em si, mas ele veio como o representante dos pecadores. Ao entrar no rio e receber o batismo, Jesus estava simbolicamente se identificando com a humanidade, se identificando com os pecadores. Mesmo no batismo de Jesus há uma conexão com o AT. Os israelitas precisavam atravessar o Jordão para poder entrar na terra prometida. Quando Jesus entra nas águas desse mesmo rio é como se ele estivesse começando um novo êxodo preparando a nossa entrada na terra prometida.

d) Na tentação de Jesus (v.12,13). Marcos não nos dá detalhes dessa tentação, mas assim como os demais eventos, não podemos deixar de ver essa conexão clara entre antigo e novo testamento. Moises e Elias ficaram 40 dias no deserto. Um representa a lei o outro os profetas. Como o próprio Jesus disse depois, que a lei e os profetas apontavam pra ele. O texto fala sobre Satanás como um ser real que busca derrubar Jesus. O texto também nos diz que Jesus estava cercado de feras. Precisamos mais uma vez enxergar a beleza da unidade bíblica nesse texto. O AT começa com um jardim onde todos os animais são domesticados pelo homem. O NT começa com um deserto onde tudo está quebrado e os animais são inimigos do homem. Podemos ver claramente a relação, pois em ambos os testamentos existe uma serpente tentando derrubar a humanidade. No jardim a serpente vence o primeiro Adão, no deserto vemos logo no inicio que o segundo Adão vence a serpente. Ele vai fazer tudo o que Adão não fez, e vai pagar pelo que Adão fez.

 3-O Evangelho envolve a Trindade (v.9-11).

O batismo de Jesus mostra as três pessoas da trindade:

*Primeiro aparece Jesus: “tu és meu Filho amado” (v.11) aqui não se trata de dizer como nós dizemos que somos filhos de Deus. Na profecia de Isaias nos diz que o mensageiro preparará o caminho do SENHOR “yaweh”.  O próprio Deus está vindo para a terra.

*o texto também nos mostra a presença de Deus o Pai. “foi ouvida uma voz dos céus”. O Pai se compraz no Filho, existe um pacto eterno entre Pai, Filho e Espírito Santo. O Pai elege, o filho encarna e atua, o Espírito capacita e aplica a redenção.

*O Espírito aparece em forma corpórea como uma pomba (v.10).

Depois do surgimento do pentecostalismo no início do século XX existe muita confusão sobre a obra do Espírito Santo, especificamente, sobre o batismo com o Espírito Santo. O batismo com o Espírito Santo não é uma segunda benção, mas sim a obra interna do Espírito Santo no nosso coração, o que chamamos de regeneração ou novo nascimento (1Co 12:13). Não é algo para uns poucos crentes. É a obra de recriação do Espírito. Na narrativa do batismo de Jesus, Marcos nos mostra o início da recriação da humanidade.

Aplicação: Conclusão

Meu objetivo ao pregar essa série de sermões é o mesmo de Marcos, lhe anunciar quem é Jesus Cristo. E há muitas pessoas, até mesmo crentes que precisam saber disso.














                                                                                                

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