O texto anterior de gênesis 3,
descreve como Adão e Eva se rebelaram
contra Deus e caíram na tentação de Satanás. Mas, Deus rompeu rapidamente essa
aliança ímpia entre aquele casal e o inimigo, no
versículo 15 do mesmo capítulo, Deus diz a serpente: “porei inimizade entre ti a mulher, entre a tua descendência e o seu
descendente”.
Inimizade, essa é a grande
batalha que começou na alvorada da história e que se estenderá até que Jesus
venha novamente. É uma batalha entre o reino da luz e o reino das trevas, entre
os discípulos de Jesus Cristo e os discípulos de Satanás, entre Jesus Cristo e
Satanás.
ELUCIDAÇÃO:
O nosso texto é dirigido a
Israel, que sentiu o calor dessa batalha inicialmente. No Egito, Faraó tinha
escravizado Israel. Depois ordenou que os meninos recém-nascidos fossem
afogados no rio Nilo.
Mas, Deus os libertou desse
império do mal. A caminho da Terra Prometida, Israel teve de lutar contra
várias nações para garantir a própria existência. Eles devem ter pensado várias
vezes: porque todas essas nações tentam nos destruir? Será que vamos
sobreviver? O futuro deles às vezes parecia sem esperança. Moisés responde às
suas preocupações contando-lhes acerca do começo dessa batalha.
Embora a narrativa pareça tratar
de assassinato e violência, os versículos da conclusão chamam a atenção para a
fidelidade de Deus em dar continuidade à semente da mulher.
Sendo assim, nesta noite vamos
refletir sobre o seguinte tema: A FIDELIDADE
DE DEUS NA PRESERVAÇÃO DA SEMENTE DA MULHER.
Caim e Abel, Dois Irmãos e Duas Ofertas (vs.1 – 5a).
No versículo 1, Eva diz: “Alcancei
do SENHOR um homem”. É bem possível que no entendimento de Eva, Caim seja
outro Adão. Um Homem concebido com o auxílio do SENHOR.
Caim é o primogênito,
semelhantemente ao seu pai, ele é lavrador (vs. 2), então, Eva pensou, Caim é a
semente da mulher.
Abel significa “vapor, hálito”, não há nenhum
comentário feito por Eva a respeito de Abel. Ele é vulnerável, passivo, não fala
e não se defende. Abel vive em conformidade com o seu nome.
O conflito começa no versículo 3, quando ambos trouxeram sua
oferta ao Senhor. “Agradou-se o Senhor de
Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou”.
É então, que surge a pergunta: Porque
Deus se agradou de Abel e de sua oferta e não de Caim e de sua oferta?”.
Os israelitas conheciam a
resposta. O texto diz que “Abel trouxe
das primícias do seu rebanho e da gordura deste”, ou seja, ele ofertou o
melhor a Deus, obedeceu à lei de Deus e demonstrou total dedicação ao Senhor.
Observe que o Senhor olha para a pessoa, antes de olhar para a oferta, “Pela
fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício superior ao de Caim” (Hb. 11:4).
Em contraste, Caim trouxe apenas alguns do fruto da terra, a
palavra primícias está ausente. A sua oferta é superficial, é algo que tem que
ser feito, mas não é feito de coração. Portanto, Deus não se agradou. Como
consequência da rejeição de Deus, Caim ficou irado (vs. 5).
A Revolta de Caim e Seu Pecado (vs. 5b – 10).
Como um pai amoroso que vai atrás de seu filho, Deus procurou Caim (vs. 6), o Senhor sugere que Caim ainda
pode fazer o bem (moral), Caim não é uma desamparada vítima de Satanás, mas ele
pode combater o pecado.
Porém, a essas perguntas segue-se
uma advertência (vs. 7), o pecado é
personificado como um animal violento que está de emboscada, pronto para saltar
sobre a vítima. Ou seja, a serpente está pronta pra ferir novamente, dessa vez
ela tenta Caim.
Apesar da advertência de Deus,
Caim se recusa a ouvi-lo, em vez disso, nutre ira contra Deus e inveja contra
seu irmão.
A história chega ao ápice no versículo 8, todo crime cometido no
campo era considerado pelos israelitas como premeditado. Então, Caim matou seu
irmão, ele não matou um inimigo, nem um estranho, mata o próprio irmão
(fratricídio).
Deus viu o terrível ato de Caim, e
assim como no pecado de Adão e Eva, Deus estabelece o tribunal e passa a
interrogar Caim (vs. 9). O
assassinato cometido por Caim e agora a sua mentira, mostram que ele passou
para o lado do Diabo. Está claro que Caim não é a semente da mulher, ele é a
semente da serpente que tenta destruir a semente da mulher.
O juiz celestial confronta Caim
com o próprio crime (vs. 10), Abel
revela-se a semente da mulher, e o seu sangue clama da terra ao Senhor.
A Punição de Deus e Sua Graça Protetora (vs. 11 – 16).
O Juiz celestial profere a sentença (vs. 11), Deus amaldiçoa Caim, mostrando que ele é de fato semente
da serpente. Deus continua a decretação da sentença (vs. 12), o fazendeiro Caim será exilado da civilização. E o que é
pior, será banido da presença de Deus.
Caim apela ao Senhor (vs. 13, 14), os israelitas ao lerem
essa história entenderiam o temor de Caim. O homem homicida poderia ser morto a
qualquer momento pelo “vingador do sangue”, um parente do morto passava a ser o
vingador.
Mas vejamos o que diz o versículo 15: “O SENHOR, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete
vezes será castigado. E pôs o SENHOR um sinal em Caim, para que o não ferisse
qualquer que o achasse”.
Quanto a “marca” de Caim, o que importa é a sua utilidade: proteger a
sua vida, é uma marca da bondade e misericórdia de Deus.
O primeiro enredo termina no versículo 16, Caim que foi gerado com o
auxílio do Senhor, retirou-se da presença do Senhor e habitou na terra de Node,
ao oriente do Éden.
A Depravação Humana na Descendência de Caim (vs. 17 – 24).
A maldição de Deus não remove totalmente a sua bondade: “Sede fecundos, multiplicai-vos”. Lemos
no versículo 17: “Caim teve relações com sua mulher, e ela
engravidou e deu à luz Enoque. Depois Caim fundou uma cidade, à qual deu o nome
do seu filho Enoque”. Caim procura segurança numa fortaleza humana.
Numa rápida ordem de
descendentes, o escritor traça a genealogia de Caim até a sétima geração e para
em Lameque, cuja família revela tanto o alto grau de desenvolvimento da cultura
quanto à profundidade do pecado na raça humana (vs. 18).
O narrador evidencia grandes
desenvolvimentos culturais dessa linhagem da semente da serpente (vs. 19 – 22), Vemos novamente a
misericórdia de Deus nos desenvolvimentos culturais que permitem ao povo
enfrentar e desfrutar algum prazer num ambiente hostil e debaixo da maldição do
Todo Poderoso.
Mas, nem tudo está bem. Lameque
casando-se com duas mulheres quebra a ordem divina da criação a respeito do
casamento, a monogamia. E passa então a se vangloriar-se para as duas esposas (vs. 23).
Lameque é um assassino brutal. A
lei de Deus exigia que o castigo fosse proporcional ao crime, mas Lameque
ultrapassa em muito o principio de justiça, ele mata um homem por que o feriu e
um jovem porque o pisou.
E então se orgulha: “Porque sete vezes Caim será castigado; mas
Lameque setenta vezes sete.” (vs.
24). Ele toma as palavras de Deus a Caim sobre a vingança completa e as
multiplica por setenta, ou seja, jura vingança eterna quem lhe tocar. Ele não
precisa da proteção de Deus, sabe se virar sozinho.
Em apenas sete gerações, a
humanidade se desintegrou de um mundo em que Deus era adorado e cultuado para
um mundo em que os seres humanos pensam que podem viver sem Deus.
A Graça de Deus Através de um Remanescente Piedoso (vs. 25, 26).
Antes de terminar a narrativa, Moisés retorna rapidamente a Adão e
Eva (vs. 25), Eva agora sabe que
Caim não era a semente prometida da mulher. Era Abel o mais novo, e Caim o
matou. Mas em sua fidelidade Deus lhe concedeu outro descendente em lugar de
Abel.
Na batalha entre a semente da
mulher e a da serpente, Deus é fiel em continuar a linhagem da mulher.
O Narrador conclui com este
importante comentário: “E a Sete também
nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome do
SENHOR” (vs. 26).
Nessa linhagem da semente da mulher, vemos pessoas fracas, mas que
invocam o nome do Senhor, elas são dependentes do Senhor e fazem de Deus o
centro de suas vidas.
APLICAÇÃO:
Queridos, porque temos certeza de
que seremos vencedores a despeito das lutas, perseguições e tentações?
Por que Deus é fiel para dar
continuidade à linhagem da semente da mulher. Se Deus não fosse fiel, essa
descendência teria desaparecido com a morte de Abel. Mas Deus levantou Sete e
seus descendentes para continuar o seu povo sobre a terra.
Claro que isso também significa
que a amarga batalha com a semente da serpente continua, a história bíblica, a
história da igreja, a história contemporânea e a nossa história comprovam o que
estamos falando.
Devemos entender que estamos em
guerra, é verdade que temos liberdade de culto, mas existem muitos irmãos ao
redor do mundo que estão sendo perseguidos e martirizados, a semente do maligno
continua agindo. Precisamos compreender que em maior ou menor grau também somos
perseguidos, estamos numa batalha. Diante disso, o que fazer? Qual será nosso
destino?
CONCLUSÃO:
A primeira carta de João é
instrutiva, o apóstolo escreve essa carta à igreja perseguida: “Não sejamos como Caim, que pertencia ao
Maligno e matou seu irmão. E por que o matou? Porque suas obras eram más e as
de seu irmão eram justas. Meus irmãos, não se admirem se o mundo os odeia” (1 João 3:12-13).
“Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que
está em vós do que o que está no mundo” (1 João 4:4).
Venceremos a batalha contra Satanás porque Jesus derramou seu Espírito
em nossos corações. Não importa quão dura seja a batalha, Deus é fiel para
preservar a sua igreja até que Cristo venha novamente para estabelecer o seu
reino em perfeição.
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