domingo, 27 de julho de 2014

O “mistério” do Reino de Deus - Mc 4. 1-20

Introdução:

Até agora no evangelho de Marcos, temos visto que os discípulos seguem a Jesus com grandes expectativas de que Deus muito em breve estabelecerá o seu reino. A pregação de Jesus em Mc 1. 15 apontava para isso. Contudo, aparentemente, o que crescia era a oposição a Cristo. Como vimos nos capítulos anteriores,  os líderes religiosos e a própria família de Jesus eram os seus principais oponentes.  A essa altura do campeonato, talvez alguns dos seus discípulos estivessem se perguntando: será que eu apostei numa causa perdida? Onde está o reino de Deus que eu não o vejo?

As parábolas do capítulo 4 são, em grande parte, uma resposta a essa pergunta. Elas falam sobre a natureza e sobre o crescimento do reino de Deus.

O texto que lemos contém uma das mais conhecidas parábolas de Jesus. Trata-se da parábola do semeador. Contudo, antes de adentrar-mos no texto dessa parábola, precisamos definir o que é uma parábola.

O termo grego “parabolé” significa jogar ao lado de, ou simplesmente, comparar.  Ou seja, uma parábola é uma história comparativa. Por isso, Jesus dizia frequentemente, “com que compararei o reino de Deus...”. Um terço dos ensinamentos de Jesus no NT são em forma de parábolas.

A parábola que Jesus contou dos verso 3-9 deixou os seus apóstolos e discípulos confusos. O  (v. 10) nos diz que Quando Jesus ficou só, os que estavam junto dele com os doze o interrogaram a respeito das parábolas”. Isso nos leva ao nosso primeiro ponto:

I- POR QUE JESUS FALAVA POR PARÁBOLAS?

Algumas pessoas acham que Jesus falava por parábolas para tornar a sua mansagem mais ascessível. E elas dizem: veja, Jesus falava para os camponeses, por isso, falava em sementes, animais, árvores etc.
Contudo, não é isso o que nos diz os v. 11  e 12:

 “Ele lhes respondeu: A vós outros vos é dado conhecer o mistério do reino de Deus; mas, aos de fora, tudo se ensina por meio de parábolas,
para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam; para que não venham a converter-se, e haja perdão para eles”.

O propósito das parábolas não era deixar as coisas mais claras, mas era justamente o contrário. Muitas pessoas ficam chocadas quando leem direito esse texto de Marcos, e percebem que Cristo não queria que algumas pessoas entendessem a sua mensagem.

O verso 12 que Jesus cita nessa passagem é uma citação de Isaías 6. 9-10
“para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam; para que não venham a converter-se, e haja perdão para eles”.

A profecia de Isaías se dirige aos israelitas que de tanto caírem na idolatria (Cap 1-5) estavam se tornando semelhantes aos seus ídolos: cegos, surdos e insensíveis.

É provável que Jesus tenha usado essa referência com o mesmo propósito, pois, ele era o messias anunciado por Isaías, e assim como Isaías pregou em um contexto de pessoas que rejeitaram a lei de Deus, Jesus também estava pregando num contexto assim.

II- O SIGNIFICADO DA PARÁBOLA

Dos versos 14-20, Jesus explica aos seus discípulos o significado da parábola.
No v. 14, ele fala da identidade e da tarefa do semeador.

O semeador semeia a palavra”.

Em primeira instância, Cristo falava dele mesmo. Ele é quem semeia a Palavra, mas isso também é uma tarefa da sua igreja. (nossa responsabilidade é como a do semeador, nós semeamos a Palavra e deixamos os resultados com Deus.

No v. 15, ele nos fala da identidade daqueles que estão à beira do caminho.

“São estes os da beira do caminho, onde a palavra é semeada; e, enquanto a ouvem, logo vem Satanás e tira a palavra semeada neles”.

Claramente essa é uma referência as pessoas que ainda não foram regeneradas, pois estão a mercê de satanás. Como nos lembra Paulo em Ef 2. 2.

Nos v. 16 e 17, ele nos fala das conversões superficiais:

“Semelhantemente, são estes os semeados em solo rochoso, os quais, ouvindo a palavra, logo a recebem com alegria. Mas eles não têm raiz em si mesmos, sendo, antes, de pouca duração; em lhes chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam”.

Quantos de nós não conhecem pessoas que frequentaram a igreja por determinado tempo e que depois se afastaram. Pessoas que acreditaram num evangelho de soluções de problemas, de cura física etc. Esse, com certeza também um dilema para os primeiros seguidores de Jesus. Em determinados momentos Jesus estava rodeado de uma grande multidão, mas bastava um discurso mais duro para que essa multidão o abandonasse.

Nos versos 18 e 19 Jesus nos fala sobre aqueles que acham que dois deuses podem sentar no mesmo trono: Deus e as riquezas, ou Deus e a ambição.

“Os outros, os semeados entre os espinhos, são os que ouvem a palavra, mas os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera”.

Finalmente, no verso 20 Cristo nos fala da existência da “Boa terra”.

“Os que foram semeados em boa terra são aqueles que ouvem a palavra e a recebem, frutificando a trinta, a sessenta e a cem por um”.

Ou seja, existem pessoas que vão ouvir o evangelho e vão crer nele. Essa é a natureza mistériosa do reino de Deus. Esse verso também nos fala da extraordinária prosteridade do evangelho quando este realmente regenera uma pessoa: ela dará fruto. O reino de Deus crescerá até que toda a terra se encha do conheciemnto do Senhor como as águas cobrem o mar. (Is 11. 9).

Conclusão

O que os discípulos, e muitos de nós, não entendemos é a soberania de Deus sobre tudo e sobre todos. O crescimento do Reino depende em última instância da vontade soberana do Rei, contudo, isso não deve nos tornar irresponsáveis (é aí que mora o problema) temos a responsabilidade de levar a “semente”. Essa semente não é nada mais nada menos que todo o conselho de Deus. Isso inclue não somente se preocupar com a “alma” das pessoas, mas com o homem completo e também com a sociedade.

Aplicação:

O que nós aprendemos com essa parábola?

1- Nós somos privilegiados. Todos nós aqui sabemos que não somos boas pessoas. Todos nós somos pecadores. Mas Deus se agradou soberanamente de nós. Por causa de Cristo ele nos considera “boa terra”. Paulo diz em Rm 5 que ele nos considera “justos”, ele nos considera seu povo.

2- Nós aprendemos que temos uma responsabilidade. Devemos levar a semente do reino de Deus, sabendo que ele já chegou, mas Deus fará com que ele cresça soberanamente. Precisamos levar as boas novas do reino onde formos.








                                                                          


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