Certa vez, quando eu era pastor
em Bezerros, uma senhora que frequentava a igreja, ao me encontrar na rua e
parar para conversar comigo, disse: “pastor, eu gosto das suas pregações...
Mas, naquela igreja, poucos irmãos tem o Espírito Santo. Aquela igreja precisa
ser mais barulhenta, acho que o senhor deveria aumentar mais o som, colocar
umas caixas perto da porta”...
Foi quando eu perguntei: “Então,
a evidência de uma igreja cheia do Espírito Santo é o barulho?”
Infelizmente, essa é a concepção
de muitos evangélicos atualmente. Mas, quais são as evidências de uma igreja
cheia do Espírito Santo? É o que vamos ver no sermão de hoje.
ELUCIDAÇÃO:
No texto que lemos, o autor Lucas
nos mostra os efeitos do Pentecoste, oferecendo-nos uma linda descrição da
igreja cheia do Espírito Santo.
“Perseveravam na doutrina dos apóstolos” - os três mil que se converteram e foram
batizados não estavam se deliciando com uma experiência mística que os levasse
a rejeitar o ensino.
O Espírito Santo é o Espírito da
verdade, portanto, anti-intelectualismo e a plenitude do Espírito Santo são
incompatíveis.
Esses discípulos se assentavam
aos pés dos apóstolos, desejosos por receberem instruções, e nisso perseveravam
(vs. 42).
Além disso, a autoridade didática
dos apóstolos, era autenticada por milagres: “muitos sinais e prodígios eram feitos por intermédio dos apóstolos”
(vs. 43).
APLICAÇÃO:
Considerando que o ensino dos
apóstolos chegou até nós em sua forma definitiva no Novo Testamento, a devoção
contemporânea ao ensino apostólico significará submissão a autoridade do Novo
Testamento, que por sua vez é um reflexo do A.T.
2.
É Uma Igreja Que Ama De Maneira Prática;
“Perseveravam na comunhão” (koinonia) – fala sobre a vida
comunitária da igreja em dois sentidos. Primeiro,
o termo expressa o que compartilhamos nessa comunhão, a saber o próprio Deus,
pois “a nossa comunhão é com o Pai e com
seu Filho Jesus Cristo” (I Jo. 1:
3). E há a “comunhão do Espírito” (2 Co 13: 13).
Mas, em segundo lugar, essa
comunhão também é expressa no que compartilhamos uns com os outros, tanto o que
damos quanto o que recebemos.
KOINONIA é a palavra grega que
Paulo usou para a oferta que recolheu entre as igrejas da Macedônia, esse mesmo
termo, dá origem a palavra generoso
em nosso vocábulo. É a isso que Lucas está se referindo aqui, pois ele continua
descrevendo como esses primeiros cristãos compartilhavam suas propriedades uns
com os outros (vs. 44 e 45).
Será que cada crente e cada comunidade cheia do Espírito deve seguir
literalmente este exemplo?
É importante explicarmos que até
mesmo em Jerusalém, a comunhão de bens era voluntária, de acordo com o versículo 46 – “partiam o pão de casa
em casa”. Então, muitos ainda possuíam casa. A venda e a partilha eram
ocasionais e voluntárias, no caso de Ananias e Safira percebe-se o princípio (Atos 5: 4).
Agora, embora voluntárias, todo
crente em Jesus é chamado a generosidade, principalmente em relação aos pobres
e necessitados. O A.T. havia uma ênfase no cuidado com os necessitados: “Quando
tiverem separado o dízimo de tudo quanto produziram no terceiro ano, o ano do
dízimo, entreguem-no ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que
possam comer até saciar-se nas cidades de vocês” (Dt. 26: 12).
Esse princípio é mencionado em Atos 4:
34 e 35.
APLICAÇÃO:
A comunhão cristã é
cuidado cristão, e cuidado cristão é compartilhamento cristão. Não podemos
escapar do desafio desses versículos.
Precisamos agir
individualmente e coletivamente para diminuir as necessidades e abolir a
miséria dentro da nova comunidade de Jesus Cristo. Isso é parte da
responsabilidade dos crentes cheios do Espírito Santo.
3.
É Uma Igreja Que Valoriza a Adoração;
“Perseveravam no partir do pão e nas orações”. O culto que eles
ofereciam era realizado no “templo”,
como também, “de casa em casa” (vs. 46). O que é uma combinação
interessante.
Participavam dos cultos de oração
no templo. Ao mesmo tempo, complementavam os cultos do templo com reuniões mais
informais e espontâneas, que incluía o partir do pão em suas casas.
Outro equilíbrio no culto da Igreja primitiva está no fato dele ser
alegre e reverente. Não se pode duvidar da alegria deles, está escrito que
eles tinham “alegria e singeleza de
coração”.
Deus havia enviado seu filho ao
mundo, e agora lhes enviava seu Espírito. Eles tinham muitos motivos para se
alegrarem. Além disso, o fruto do Espírito é alegria.
Portanto, cada culto de adoração
era uma alegre celebração dos atos poderosos de Deus através de Jesus Cristo.
Ao mesmo tempo, a alegria deles
nunca era irreverente. Se a alegria do Senhor for uma obra do Espírito, o temor
do Senhor também será autêntico (vs.
43).
APLICAÇÃO:
O culto público pode ser majestoso, mas é imperdoável que seja
enfadonho. Por isso, é errado imaginar que no culto público reverência e alegria
sejam excludentes. A combinação entre alegria e temor, bem como formalidade
(templo) e informalidade (casa), dá um equilíbrio saudável à adoração.
4.
É Uma Igreja Que Evangeliza Sempre.
“enquanto isso, acrescentava-lhes
o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (vs. 47). Aqueles
primeiros cristãos, não se esqueceram de evangelizar. Pois, o Espírito Santo é
um Espírito missionário que criou uma igreja missionária.
Então, nos diz o texto que o “Senhor acrescentava os que iam sendo salvos”
– é certo que Ele fez através da pregação dos apóstolos, testemunho dos
crentes, do amor na vida comunitária. Mas, é o Senhor que faz, pois é a cabeça
da igreja. Salvação e participação na igreja andavam juntas e continuam
andando.
E “dia a dia” o Senhor
acrescentava os que iam sendo salvos. Pois, diariamente eles evangelizavam. Não
era uma tarefa esporádica.
APLICAÇÃO:
O culto deles era diário, e assim
também o testemunho. Eles buscavam as pessoas de fora continuamente, e então os
convertidos eram acrescentados continuamente. Precisamos recobrar essa
expectativa de crescimento constante e ininterrupto da igreja.
CONCLUSÃO:
Meus irmãos, não precisamos
esperar pela vinda do Espírito Santo. Pois, o Espírito veio no Pentecoste e
nunca mais deixou a sua igreja.
Nossa responsabilidade é buscar a
sua plenitude, decididos a não apaga-lo para que possamos experimentar todas as
evidências de uma igreja cheia do Espírito Santo.
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