domingo, 16 de dezembro de 2012

O Sétimo Mandamento: O Adultério é Muito mais do que Sexo


Texto: Êxodo 20:14 "Não adulterarás"

Introdução:

Quando essas palavras foram escritas (há mais de três mil anos) as pessoas sabiam muito bem o que elas significavam. Por isso a sentença: “Não adulterarás” não precisou de maiores explicações.

Nos dias atuais, as pessoas racionalizaram o conceito bíblico de adultério. De modo, que hoje ouvimos termos mais leves tais como: “fulano tem um caso extraconjugal, ou que ele ou ela tem um amante”. O fato é que o termo adultério foi deixado de lado, talvez por ter um cunho religioso. O que é defendido basicamente hoje, é que tanto o homem, quanto a mulher tem direitos sobre o seu próprio corpo e que ambos só querem ser felizes, ou seja, para a sociedade moderna o adultério é meramente uma questão de satisfação sexual.

A fim de que tenhamos uma compreensão bíblica do que significa o sétimo mandamento, nesta noite eu gostaria de falar sobre o seguinte tema:

Tema: O Adultério é Muito mais do que Sexo

Antes de tudo precisamos definir o que é adultério: antes mesmo que a bíblia fosse escrita, os códigos de leis antigas como os códigos de Lipt-Star e o código de Hamurabi proibiam toda forma de relação sexual fora do casamento, pois se isso acontecesse a integridade da família e do clã estariam comprometidos.

No AT o termo usado para adultério é nã’ap e seus derivados e significava: Toda relação sexual extramarital envolvendo mulher ou homem casados, ou até noivos.

No NT o termo para adultério é moicheia e está ligado intimamente a toda sorte de imoralidade sexual. Isto posto, passemos as razões por que o adultério não é meramente uma questão de satisfação sexual.

1-O Adultério é um Pecado contra Deus:

         Quando Davi adulterou e concomitantemente cometeu um homicídio ele confessou: 

Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista” 
(Sl 51:4).

         O casamento foi instituído por Deus, sendo assim, é uma aliança (Ml 2:14) ele é símbolo da aliança de Deus conosco:

Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja” (Ef 5:31-32).

De modo, que quando alguém adultera contra o seu conjugue está revelando uma atitude de traição primordialmente para com Deus e com a sua aliança. No AT o povo de Deus por diversas vezes o traiu seguindo deuses estranhos:

Todos eles são adúlteros” (Os 7:4a).

Oh! se tivesse no deserto uma estalagem de caminhantes! Então deixaria o meu povo, e me apartaria dele, porque todos eles são adúlteros, um bando de aleivosos”. (Jr 9:2).

         Sempre que alguém quebra essa aliança ele também está revelando que é um idólatra, pois existe algo que ele ou ela prefere seguir, a seguir as ordens de Deus.

         A seriedade desse pecado diante de Deus é revelada no fato dEle prescrever a pena capital para as pessoas que estivessem envolvidas:

“Quando um homem for achado deitado com mulher que tenha marido, então ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher, e a mulher; assim tirarás o mal de Israel” (Dt 22:22).

“Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera” (Lv 20:10).

         Alguns tentando justificar os seus pecados dizem que isso é coisa do AT. Uma passagem que é frequentemente usada para dizer que Jesus modificou a lei de Deus é João cap.8, o caso da mulher que cometeu adultério. Contudo, o v. 6 nos mostra qual era a motivação deles: “Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar”. Eles estavam longe de querer fazer cumpri a lei de Deus nesse texto. A verdadeira intenção deles era apanhar Jesus em alguma armadilha, pois se Cristo aprovasse aquele tribunal estaria passando por cima do governo Romano, que inclusive, não admitia nenhuma execução sem a permissão deles, Cristo teria sido acusado de se levantar contra Cesar. Os judeus (inclusive Jesus) não estavam mais no seu estado teonômico, eram cativos de Roma. Além do mais, o julgamento estava todo errado, pois eles só apresentaram a mulher, e a lei dizia claramente: “o adúltero e a adúltera” (Lv 20:10).

No Brasil, o artigo 240 do código penal classificava o adultério como crime até 2005, quando uma nova lei revogou a antiga (distanciando ainda mais o país da palavra de Deus!).

2-O Adultério é um Pecado contra o Próximo:

         A segunda tábua da lei de Deus resume os deveres que temos para com o nosso próximo. Resume o mandamento de “amar o nosso próximo como a nós mesmos” (Lv 19:18).
         A pergunta é: como eu digo que amo ao meu próximo e destruo o seu casamento? Ou como amar o próximo desejando algo que lhe pertence? Ou como eu digo que amo meu próximo o fazendo pecar?

         O catecismo de Heildelberg na sua P-109 nos diz:

Mas Deus, neste mandamento, proíbe somente adultério e outros pecados vergonhosos?

R. Não, pois como nosso corpo e nossa alma são o templo do Espírito Santo, Deus quer que os conservemos puros e santos (1). Por isso, Ele proíbe todos os atos, gestos, palavras (2) , pensamentos e desejos (3) impuros e tudo o que possa atrair o homem para tais pecados (4).

         O catecismo maior de Westminster respondendo a pergunta 139 diz:

Quais são os deveres exigidos no sétimo mandamento?

Castidade do corpo, mente, sentimentos, palavras e comportamento, a vigilância sobre os olhos e todos os demais sentidos. Temperança, companhia de pessoas castas, o vestir-se recatadamente, o casamento, o amor conjugal, o repelir todas as ocasiões de impureza, resistir as tentações.

         O ensino de Jesus no evangelho nos diz como devemos evitar esse pecado, e consequentemente como devemos evitar que o nosso próximo também caia:

“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela. Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que seja todo o teu corpo lançado no inferno”. (Mt 5:27-30).

O que Cristo critica nesse texto não é o mandamento, mas sim, a interpretação distorcida (tradição oral interpretativa) que os judeus faziam desse mandamento. Os judeus não tinham desculpa para restringir esse mandamento somente ao ato físico e final de adultério, pois o próprio décimo mandamento deixa claro que a lei de Deus governa tanto sobre o corpo como sobre a mente, dizendo: “Não cobiçarás a mulher do teu próximo” (v. 17). Isto é, não somente devemos não tomar, mas não devemos nem mesmo cobiçar.

3-O Adultério é um Pecado contra a Família:

         A família é uma instituição divina, ela foi planejada para ser o meio pelo qual o reino de Deus fosse estabelecido no mundo através de uma semente santa, foi planejada para ser inquebrável e indissolúvel.

                  Vivemos num tempo em que a família está sob acirrado ataque. O número de divórcios envolvendo cônjuges cristãos não é menor do que envolve casais que não tem nenhum compromisso com Deus, e o motivo desses divórcios não é de maneira alguma àquela exceção (a infidelidade conjugal) que a bíblia prescreve como uma alternativa (a outra é o perdão) para por fim a um relacionamento.

         Frequentemente, o que se ouve de casais cristãos é o mesmo que se ouve de casais não cristãos: “Eu não o amo mais” ou “Eu tenho direito a minha própria felicidade” ou “Eu simplesmente segui o meu coração”. Infelizmente o mundanismo invadiu também a igreja, sim, isso é mundanismo! Ao contrário do que muitos afirmam mundanismo não é vestir uma calça (no caso das mulheres) ou uma bermuda, ou brinco etc.

Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”. (Tg 4:4).

Aplicação:

1-Deus instituiu o casamento como uma aliança (Ml 2:14) de modo, que ele não deveria ter fim). Bonhoiffer disse a dois jovens que tinham acabado de se casar: “a partir desse dia, a aliança sustenta o amor, e não o amor, a aliança”. Por isso, o cristão não pode usar o padrão que o mundo usa para quebrar a aliança.

2-O adultério é um pecado muito específico, mas também um pecado muito comum, pois pode estar frequentemente em nossas mentes e corações. No caso de um crente sincero, isso pode ser um verdadeiro pesadelo, pois ele deve lutar contra isso. Contudo, o adultério não é o pecado imperdoável. Se alguém arrependido e contrito a Cristo vier, com certeza alcançará o perdão (não significando que o seu pecado não terá consequências temporais).

3-A nossa incapacidade de cumprir perfeitamente o sétimo mandamento nos dirige para Cristo: Ele cumpriu perfeitamente para nós este mandamento. Ele é completamente fiel para com a sua esposa, a Igreja. Mesmo quando nós caímos em pecado, Ele permanece fiel. Lemos em 2 Timóteo 2:13, “Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo”. Não temos condições para cumprir este mandamento perfeitamente, mas unidos com Cristo, nos já temos cumprido perfeitamente esta lei.

Conclusão:

Que Deus nos ajude a conservar em mente que o adultério é um pecado contra Ele, contra o nosso próximo e contra a família. E que ele nos conserve puros e afastados de tão detestável pecado contra a sua palavra. Amém!

Nenhum comentário:

Postar um comentário