Introdução:
Quando
essas palavras foram escritas (há mais de três mil anos) as pessoas sabiam
muito bem o que elas significavam. Por isso a sentença: “Não adulterarás” não
precisou de maiores explicações.
Nos
dias atuais, as pessoas racionalizaram o conceito bíblico de adultério. De modo,
que hoje ouvimos termos mais leves tais como: “fulano tem um caso extraconjugal,
ou que ele ou ela tem um amante”. O fato é que o termo adultério foi deixado de
lado, talvez por ter um cunho religioso. O que é defendido basicamente hoje, é
que tanto o homem, quanto a mulher tem direitos sobre o seu próprio corpo e que
ambos só querem ser felizes, ou seja, para a sociedade moderna o adultério é
meramente uma questão de satisfação sexual.
A
fim de que tenhamos uma compreensão bíblica do que significa o sétimo
mandamento, nesta noite eu gostaria de falar sobre o seguinte tema:
Tema:
O Adultério é Muito mais do que Sexo
Antes
de tudo precisamos definir o que é adultério: antes mesmo que a bíblia fosse
escrita, os códigos de leis antigas como os códigos de Lipt-Star e o código de
Hamurabi proibiam toda forma de relação sexual fora do casamento, pois se isso
acontecesse a integridade da família e do clã estariam comprometidos.
No
AT o termo usado para adultério é nã’ap e seus derivados e significava: Toda
relação sexual extramarital envolvendo mulher ou homem casados, ou até noivos.
No
NT o termo para adultério é moicheia e está ligado intimamente a toda sorte de
imoralidade sexual. Isto posto, passemos as razões por que o adultério não é
meramente uma questão de satisfação sexual.
1-O
Adultério é um Pecado contra Deus:
Quando Davi adulterou e concomitantemente cometeu um
homicídio ele confessou:
“Contra ti, contra ti
somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista”
(Sl 51:4).
(Sl 51:4).
O casamento foi instituído por Deus, sendo assim, é uma
aliança (Ml 2:14) ele é símbolo da aliança de Deus conosco:
“Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá
a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande
é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja” (Ef 5:31-32).
De
modo, que quando alguém adultera contra o seu conjugue está revelando uma
atitude de traição primordialmente para com Deus e com a sua aliança. No AT o
povo de Deus por diversas vezes o traiu seguindo deuses estranhos:
“Todos eles são adúlteros” (Os 7:4a).
“Oh! se tivesse no deserto uma estalagem de caminhantes! Então
deixaria o meu povo, e me apartaria dele, porque todos eles são adúlteros, um
bando de aleivosos”. (Jr 9:2).
Sempre que alguém quebra essa aliança
ele também está revelando que é um idólatra, pois existe algo que ele ou ela
prefere seguir, a seguir as ordens de Deus.
A seriedade desse pecado diante de Deus
é revelada no fato dEle prescrever a pena capital para as pessoas que
estivessem envolvidas:
“Quando
um homem for achado deitado com mulher que tenha marido, então ambos morrerão,
o homem que se deitou com a mulher, e a mulher; assim tirarás o mal de Israel” (Dt 22:22).
“Também
o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do
seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera” (Lv 20:10).
Alguns tentando
justificar os seus pecados dizem que isso é coisa do AT. Uma passagem que é
frequentemente usada para dizer que Jesus modificou a lei de Deus é João cap.8,
o caso da mulher que cometeu adultério. Contudo, o v. 6 nos mostra qual era a
motivação deles: “Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o
acusar”. Eles estavam longe de querer fazer cumpri a lei de Deus nesse texto. A
verdadeira intenção deles era apanhar Jesus em alguma armadilha, pois se Cristo
aprovasse aquele tribunal estaria passando por cima do governo Romano, que
inclusive, não admitia nenhuma execução sem a permissão deles, Cristo teria
sido acusado de se levantar contra Cesar. Os judeus (inclusive Jesus) não
estavam mais no seu estado teonômico, eram cativos de Roma. Além do mais, o
julgamento estava todo errado, pois eles só apresentaram a mulher, e a lei
dizia claramente: “o adúltero e a adúltera” (Lv 20:10).
No Brasil, o artigo 240 do código penal classificava o
adultério como crime até 2005, quando uma nova lei revogou a antiga
(distanciando ainda mais o país da palavra de Deus!).
2-O Adultério é um Pecado contra o Próximo:
A segunda tábua da lei de Deus resume
os deveres que temos para com o nosso próximo. Resume o mandamento de “amar o
nosso próximo como a nós mesmos” (Lv 19:18).
A pergunta é: como eu digo que amo ao
meu próximo e destruo o seu casamento? Ou como amar o próximo desejando algo
que lhe pertence? Ou como eu digo que amo meu próximo o fazendo pecar?
O catecismo de Heildelberg na sua P-109
nos diz:
Mas Deus, neste mandamento,
proíbe somente adultério e outros pecados vergonhosos?
R. Não,
pois como nosso corpo e nossa alma são o templo do Espírito Santo, Deus quer
que os conservemos puros e santos (1). Por isso, Ele proíbe todos os atos,
gestos, palavras (2) , pensamentos e desejos (3) impuros e tudo o que possa atrair o homem para tais pecados (4).
O catecismo maior de Westminster respondendo
a pergunta 139 diz:
Quais são os deveres exigidos no sétimo mandamento?
Castidade
do corpo, mente, sentimentos, palavras e comportamento, a vigilância sobre os
olhos e todos os demais sentidos. Temperança, companhia de pessoas castas, o
vestir-se recatadamente, o casamento, o amor conjugal, o repelir todas as
ocasiões de impureza, resistir as tentações.
O ensino de Jesus no evangelho nos diz
como devemos evitar esse pecado, e consequentemente como devemos evitar que o
nosso próximo também caia:
“Ouvistes
que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério.
Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar
numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
Portanto, se o teu olho direito te escandalizar,
arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus
membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e
atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca
do que seja todo o teu corpo lançado no inferno”. (Mt
5:27-30).
O que Cristo critica nesse texto não é o mandamento, mas sim,
a interpretação distorcida (tradição oral interpretativa) que os judeus faziam
desse mandamento. Os judeus não tinham desculpa para
restringir esse mandamento somente ao ato físico e final de adultério, pois o
próprio décimo mandamento deixa claro que a lei de Deus governa tanto sobre o
corpo como sobre a mente, dizendo: “Não cobiçarás a mulher do teu próximo” (v.
17). Isto é, não somente devemos não tomar, mas não devemos nem mesmo cobiçar.
3-O
Adultério é um Pecado contra a Família:
A família é uma
instituição divina, ela foi planejada para ser o meio pelo qual o reino de Deus
fosse estabelecido no mundo através de uma semente santa, foi planejada para
ser inquebrável e indissolúvel.
Vivemos num
tempo em que a família está sob acirrado ataque. O número de divórcios
envolvendo cônjuges cristãos não é menor do que envolve casais que não tem
nenhum compromisso com Deus, e o motivo desses divórcios não é de maneira
alguma àquela exceção (a infidelidade conjugal) que a bíblia prescreve como uma
alternativa (a outra é o perdão) para por fim a um relacionamento.
Frequentemente, o que se ouve de casais cristãos é o mesmo
que se ouve de casais não cristãos: “Eu não o amo mais” ou “Eu tenho direito a
minha própria felicidade” ou “Eu simplesmente segui o meu coração”.
Infelizmente o mundanismo invadiu também a igreja, sim, isso é mundanismo! Ao
contrário do que muitos afirmam mundanismo não é vestir uma calça (no caso das
mulheres) ou uma bermuda, ou brinco etc.
“Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade
do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do
mundo constitui-se inimigo de Deus”. (Tg 4:4).
Aplicação:
1-Deus
instituiu o casamento como uma aliança (Ml 2:14) de modo, que ele não deveria
ter fim). Bonhoiffer disse a dois jovens que tinham acabado de se casar: “a
partir desse dia, a aliança sustenta o amor, e não o amor, a aliança”. Por
isso, o cristão não pode usar o padrão que o mundo usa para quebrar a aliança.
2-O
adultério é um pecado muito específico, mas também um pecado muito comum, pois
pode estar frequentemente em nossas mentes e corações. No caso de um crente
sincero, isso pode ser um verdadeiro pesadelo, pois ele deve lutar contra isso.
Contudo, o adultério não é o pecado imperdoável. Se alguém arrependido e
contrito a Cristo vier, com certeza alcançará o perdão (não significando que o
seu pecado não terá consequências temporais).
3-A
nossa incapacidade de cumprir perfeitamente o sétimo mandamento nos dirige para
Cristo: Ele cumpriu perfeitamente para nós este mandamento. Ele é
completamente fiel para com a sua esposa, a Igreja. Mesmo quando nós caímos em
pecado, Ele permanece fiel. Lemos em 2 Timóteo 2:13, “Se formos
infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo”. Não temos condições
para cumprir este mandamento perfeitamente, mas unidos com Cristo, nos já temos
cumprido perfeitamente esta lei.
Conclusão:
Que
Deus nos ajude a conservar em mente que o adultério é um pecado contra Ele,
contra o nosso próximo e contra a família. E que ele nos conserve puros e
afastados de tão detestável pecado contra a sua palavra. Amém!
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