segunda-feira, 22 de abril de 2013

O Décimo Mandamento: “Não Cobiçarás” (Êx 20:17).



Texto: “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”. (Êx 20:17).

Introdução:

Você já imaginou, ou mesmo refletiu sobre o porquê de nossas casas terem altos muros, ou, no simples fato de todas as casas terem portas? Pois bem, isso nos revela algo sobre a nossa natureza caída e sobre o que Deus quer nos dizer com “Não Cobiçarás”. Até agora, todos os mandamentos de que falamos tratavam, num certo aspecto, de atos externos. Por exemplo, idolatria, tomar o nome de Deus em vão, não matar, não furtar, não adulterar, não dizer falso testemunho. Contudo, o décimo mandamento tratará de algo muito mais profundo, tratará das intenções do nosso coração. Ninguém pode olhar para você e dizer se você está cobiçando ou não. Quando alguém externa a cobiça, consequentemente, estão quebrando algum dos outros nove mandamentos. Desse modo, esse mandamento serve como chave para todos os demais.

Em 1937 o escritor e filólogo britânico J. R. R. Tolkien escreveu um livro fantástico chamado “The Lord of the Rings”, ou “O Senhor dos Anéis”. O livro virou filme, e ganhou muitos prêmios. Todo o enredo daquela história gira em torno de um anel poderoso, e da cobiça de todos que querem esse anel. Penso que a história de Tolkien revela na verdade, o que todos os homens são em essência --- cobiçosos! 


1-O tema do mandamento: O que é cobiçar?

Segundo Agostinho, quando desejamos mais do que o suficiente, estamos cobiçando. Cobiçar poderia ser traduzido também por “ansiar por”. Calvino dirá que “a suma (desse mandamento) é que não surja em nós um pensamento que mova a nossa alma por uma concupiscência prejudicial e inclinada para a queda do outro”.

Somos pessoas ambiciosas. Vivemos numa sociedade que estimula essa nossa ambição natural e, frequentemente, nos diz: “que somos o que temos”, ou que “valemos o que temos”, daí a nossa busca desenfreada por status e poder. Por exemplo, o que fazemos quando compramos um carro novo? Geralmente vamos mostrá-lo a alguém, como se não houvesse graça consegui-lo se não existir alguém para cobiça-lo.

O que faz uma pessoa enfrentar uma longa fila numa casa lotérica para apostar na mega sena? Ou, o que faz alguém apostar tudo quanto possui (não se importando com o futuro da sua família), o que essa pessoa tem em vista? Até mesmo no âmbito religioso, o que faz alguém doar todo o seu dinheiro em uma igreja que promete que o sujeito que faz assim ganhará o dobro?

2-Analise do texto: Qual é o ensino das escrituras sobre a cobiça?

Antes de analisarmos o texto propriamente dito, vejamos o que as escrituras ensinam de modo geral sobre esse assunto:

a) A seriedade da cobiça se vê no fato de que foi a causa da queda (Gn 3:6).

“E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela”.

b) É a cobiça que gera o desprezo pela virtude (Sl 37:1,7) e o pecado (Tg 1:14,15).

“Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade. Descansa no SENHOR, e espera nele; não te indignes por causa daquele que prospera em seu caminho, por causa do homem que executa astutos intentos”.
 
“Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria cobiça. Depois, havendo a cobiça concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”. 

c) A cobiça gera a quebra dos demais mandamentos (I Tm 6:10).

“Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”.

d) A cobiça revela quem é o seu verdadeiro “deus” (Mt 19:21,22).

“Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me. E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades”.

3-Analise do texto e do contexto histórico:

O termo hebraico “hãmad” (desejar) é um termo neutro. É apenas quando ele é mal orientado que se torna errado.

Quando o texto diz: “Não cobiçarás a casa do teu próximo”, o termo “casa” é aqui usado no sentido primitivo, e significa família. Isso incluía esposa, filhos e servos.

Quando o texto se refere a “boi e jumento” está falando da riqueza típica do camponês seminômade israelita que vivia naquele período conhecido como idade do bronze.

4-O Lado Positivo e Negativo desse Mandamento:

Assim como os demais mandamentos, não cumpriremos esse mandamento apenas deixando de cobiçar ou invejar as coisas do nosso próximo. Se o lado negativo diz sempre (Não) Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”. Logicamente, entendemos que existe um lado positivo que diz:

·        Cobice a sua própria mulher (ame-a).

·        Ame a sua família (casa).

·      Trate bem os que trabalham pra você, então você não terá que cobiçar o empregado do seu vizinho.

·        Valorize aquilo que Deus lhe confiou.


Além desses fatores, a pergunta 147 do CMW: Quais são os deveres exigidos no décimo mandamento?

Os deveres exigidos no décimo mandamento são: um pleno contentamento com a nossa condição e uma disposição caridosa da alma para com o nosso próximo, de modo que todos os nossos desejos e afetos relativos a ele se inclinem para todo o seu bem e promovam o mesmo. Hb 13:5; I Tm 1:5;6:6; Fp 2:4; Rm 12:15.

O catecismo cita textos que nos humilham:

Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei”. (Hb 13:5).

“Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes”. (1 Tm 6:6-8).

“Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros”. (Fl 2:4).

“Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram” (Rm 12:15).

Aplicação: Conclusão

Diante do que temos ouvido, que aplicações práticas tiraremos desse mandamento?

1-Devemos nos contentar com aquilo que Deus nos proporcionar nessa vida, pois nada do que aqui ocorrer será uma eventualidade. Isso não significa que não devemos desejar um futuro melhor para os nossos, mas devemos estar contentes em toda e qualquer situação.

2-Apesar da nossa incapacidade de cumprir esse mandamento, assim como os demais. Precisamos confiar na obra expiatória e intercessora de Cristo, Ele cumpriu perfeitamente por nós a lei de Deus, de modo que quando reconhecemos isso, e vivemos para a sua glória, descansamos em paz, pois nenhuma condenação resta para nós.

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