Texto: “Não cobiçarás a casa do teu
próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua
serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”. (Êx 20:17).
Introdução:
Você
já imaginou, ou mesmo refletiu sobre o porquê de nossas casas terem altos
muros, ou, no simples fato de todas as casas terem portas? Pois bem, isso nos
revela algo sobre a nossa natureza caída e sobre o que Deus quer nos dizer com
“Não Cobiçarás”. Até agora, todos os mandamentos de que falamos tratavam, num
certo aspecto, de atos externos. Por exemplo, idolatria, tomar o nome de Deus
em vão, não matar, não furtar, não adulterar, não dizer falso testemunho.
Contudo, o décimo mandamento tratará de algo muito mais profundo, tratará das
intenções do nosso coração. Ninguém pode olhar para você e dizer se você está
cobiçando ou não. Quando alguém externa a cobiça, consequentemente, estão
quebrando algum dos outros nove mandamentos. Desse modo, esse mandamento serve
como chave para todos os demais.
Em
1937 o escritor e filólogo britânico J. R. R. Tolkien escreveu um livro
fantástico chamado “The Lord of the Rings”, ou “O Senhor dos Anéis”. O livro virou
filme, e ganhou muitos prêmios. Todo o enredo daquela história gira em torno de
um anel poderoso, e da cobiça de todos que querem esse anel. Penso que a
história de Tolkien revela na verdade, o que todos os homens são em essência
--- cobiçosos!
1-O tema do mandamento: O que é
cobiçar?
Segundo Agostinho, quando
desejamos mais do que o suficiente, estamos cobiçando. Cobiçar
poderia ser traduzido também por “ansiar
por”. Calvino dirá que “a suma
(desse mandamento) é que não surja em nós um pensamento que mova a nossa alma
por uma concupiscência prejudicial e inclinada para a queda do outro”.
Somos
pessoas ambiciosas. Vivemos numa sociedade que estimula essa nossa ambição
natural e, frequentemente, nos diz: “que somos o que temos”, ou que “valemos o
que temos”, daí a nossa busca desenfreada por status e poder. Por exemplo, o
que fazemos quando compramos um carro novo? Geralmente vamos mostrá-lo a
alguém, como se não houvesse graça consegui-lo se não existir alguém para
cobiça-lo.
O
que faz uma pessoa enfrentar uma longa fila numa casa lotérica para apostar na
mega sena? Ou, o que faz alguém apostar tudo quanto possui (não se importando
com o futuro da sua família), o que essa pessoa tem em vista? Até mesmo no
âmbito religioso, o que faz alguém doar todo o seu dinheiro em uma igreja que promete
que o sujeito que faz assim ganhará o dobro?
2-Analise do texto: Qual é o ensino
das escrituras sobre a cobiça?
Antes
de analisarmos o texto propriamente dito, vejamos o que as escrituras ensinam
de modo geral sobre esse assunto:
a) A seriedade da cobiça se vê no
fato de que foi a causa da queda (Gn 3:6).
“E viu a mulher que aquela árvore
era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar
entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele
comeu com ela”.
b) É a cobiça que gera o desprezo pela virtude (Sl 37:1,7) e o pecado (Tg 1:14,15).
“Não te indignes por causa dos
malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade. Descansa no SENHOR, e espera nele; não
te indignes por causa daquele que prospera em seu caminho, por causa do homem
que executa astutos intentos”.
“Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria cobiça. Depois, havendo a cobiça concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”.
c) A cobiça gera a quebra dos
demais mandamentos (I Tm 6:10).
“Porque o amor ao dinheiro é a raiz
de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se
traspassaram a si mesmos com muitas dores”.
d)
A cobiça revela quem é o seu verdadeiro “deus” (Mt 19:21,22).
“Disse-lhe Jesus: Se queres ser
perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no
céu; e vem, e segue-me. E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste,
porque possuía muitas propriedades”.
3-Analise do texto e do contexto
histórico:
O termo hebraico “hãmad”
(desejar) é um termo neutro. É apenas quando ele é mal orientado que se torna
errado.
Quando o texto diz: “Não
cobiçarás a casa do teu próximo”, o termo “casa” é aqui usado no sentido
primitivo, e significa família. Isso incluía esposa, filhos e servos.
Quando o texto se refere a “boi e
jumento” está falando da riqueza típica do camponês seminômade israelita que
vivia naquele período conhecido como idade do bronze.
4-O Lado Positivo e Negativo desse Mandamento:
Assim como os demais mandamentos, não cumpriremos esse mandamento apenas deixando de cobiçar ou invejar as coisas do nosso próximo. Se o lado negativo diz sempre (Não) “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”. Logicamente, entendemos que existe um lado positivo que diz:
·
Cobice a
sua própria mulher (ame-a).
·
Ame a sua
família (casa).
· Trate bem
os que trabalham pra você, então você não terá que cobiçar o empregado do seu
vizinho.
·
Valorize
aquilo que Deus lhe confiou.
Além
desses fatores, a pergunta 147 do CMW: Quais são os deveres exigidos no décimo
mandamento?
Os deveres exigidos no décimo mandamento são: um pleno contentamento com a nossa condição e uma disposição caridosa da alma para com o nosso próximo, de modo que todos os nossos desejos e afetos relativos a ele se inclinem para todo o seu bem e promovam o mesmo. Hb 13:5; I Tm 1:5;6:6; Fp 2:4; Rm 12:15.
O
catecismo cita textos que nos humilham:
“Sejam
vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele
disse: Não te deixarei, nem te desampararei”. (Hb 13:5).
“Mas é grande ganho a piedade com
contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é
que nada podemos levar dele. Tendo,
porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes”. (1 Tm 6:6-8).
“Não atente cada um para o que é
propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros”. (Fl 2:4).
“Alegrai-vos com os que se alegram;
e chorai com os que choram” (Rm
12:15).
Aplicação: Conclusão
Diante do que temos ouvido, que
aplicações práticas tiraremos desse mandamento?
1-Devemos nos contentar com
aquilo que Deus nos proporcionar nessa vida, pois nada do que aqui ocorrer será
uma eventualidade. Isso não significa que não devemos desejar um futuro melhor
para os nossos, mas devemos estar contentes em toda e qualquer situação.
2-Apesar da nossa incapacidade de
cumprir esse mandamento, assim como os demais. Precisamos confiar na obra
expiatória e intercessora de Cristo, Ele cumpriu perfeitamente por nós a lei de
Deus, de modo que quando reconhecemos isso, e vivemos para a sua glória,
descansamos em paz, pois nenhuma condenação resta para nós.
Muito bom meu irmão! Deus continue te abençoando!
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