segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A Autoridade de Paulo e a Defesa do Evangelho (Gálatas 1: 1 – 10)

INTRODUÇÃO:

Homer e Langley Collyer eram filhos de um respeitado médico de Nova Iorque. Quando o Dr. Collyer morreu, no início do século passado, os filhos herdaram a casa e o patrimônio da família. Os dois filhos, ambos solteiros, estavam financeiramente muito bem de vida.

Mas, os irmãos Collyer optaram por um estilo de vida nem um pouco coerente com o status que a herança lhes conferiu. Viviam em reclusão quase completa.

No dia 21 de março de 1947, a polícia recebeu um telefonema, indicando que um homem teria morrido naquela casa trancada. Quando os policiais conseguiram entrar na casa, encontraram o corpo de Homer estirado sobre uma cama. Ele morrera abraçado a um exemplar de um jornal matutino judaico, datado de 22 de fevereiro de 1920.

Quase três semanas após iniciado o trabalho de remover o entulho, alguém fez uma descoberta espantosa. O corpo de Langley fora encontrado debaixo de um monte de detritos, dois metros distante da cama onde Homer havia morrido.

Aparentemente, os irmãos Collyer  eram colecionadores. Colecionavam tudo, especialmente sucatas. A casa deles estava abarrotada de máquinas quebradas, peças de automóveis, caixas, eletrodomésticos, instrumentos musicais, trapos, todo tipo de bugigangas e pilhas de jornais velhos.

 O lixo removido da casa dos irmãos Collyer totalizou mais de 140 toneladas. Na verdade, tudo aquilo não tinha nenhum valor. Não obstante terem recebido um suntuoso legado deixado pelo pai, eles se embebedaram com o lixo do mundo.

Em suas três famosas viagens missionárias Paulo pregou o evangelho e plantou igrejas nas províncias da Galácia, Ásia, Macedônia (norte da Grécia) e Acaia (sul da Grécia). Além disso, suas visitas eram seguidas de cartas, com as quais ele ajudava a supervisionar as igrejas que fundara.

A carta em apreço deve ter sido a primeira escrita por Paulo (cerca de 48 ou 49 d. C). Ela foi dirigida as igrejas da Galácia, quatro cidades da parte sul da província (Antioquia, Icônio, Listra e Derbe) que Paulo evangelizou durante sua primeira viagem missionária, narrada nos capítulos 13 e 14 de Atos.
No primeiro parágrafo de sua carta aos gálatas, Paulo menciona dois temas aos quais ele irá retornar constantemente: seu apostolado e seu evangelho.

Desde sua visita àquelas cidades da Galácia, as igrejas que ele havia estabelecido vinham sendo perturbadas por falsos mestres. Eles contestavam o evangelho da justificação pela fé e salvação somente pela graça, insistiam que para se obter a salvação era necessário algo mais do que a fé em Jesus Cristo, era preciso circuncidar-se e guardar a Lei de Moisés.

Procuravam também atacar a autoridade de Paulo, afirmando que ele não era apóstolo, que não passava de um impostor que nomeou a si mesmo.

Percebendo o perigo desses ataques, já no início da epístola, Paulo faz uma declaração de sua autoridade apostólica e do seu evangelho da graça.

A Autoridade de Paulo (vs. 1, 2).

Paulo reivindica para si aquele título que os falsos mestres estavam lhe negando. Ele era um Apóstolo de Jesus Cristo.

Foi esse o título que Jesus Cristo usou para seus representantes especiais. O Novo Testamento mostra que este grupo era pequeno e único. A palavra apóstolo não era uma palavra comum, que pudesse ser aplicada a qualquer cristão como as palavras crente, santo, ou irmão.

Era um termo especial reservado aos doze e mais dois outros que o Cristo ressuscitado designara. Os apóstolos não tiveram sucessores no ofício, eles foram únicos.

Paulo afirma categoricamente que seu apostolado não é humano, mas divino. Deus Pai escolheu Paulo para ser apóstolo e o designou para este cargo através de Jesus Cristo, o qual Deus o ressuscitou dentre os mortos.
Paulo foi vocacionado para o apostolado na estrada para Damasco e Paulo se refere a esta visão como sendo uma condição essencial do seu apostolado (I Co. 9: 1; 15: 8, 9).

O Verdadeiro Evangelho (vs. 3, 4).

Paulo passa a falar do grande evento histórico no qual q graça de Deus foi exibida e do qual deriva a sua paz. Vejamos o evangelho que Paulo anunciava:

Cristo Morreu Pelos Nossos Pecados.

A Morte de Jesus Cristo foi um sacrifício pelo pecado, o único sacrifício pelo qual os nossos pecados poderiam ser perdoados e esquecidos. Jesus Cristo tomou sobre a sua justa pessoa a maldição e o juízo que os nossos pecados mereciam.

Cristo Morreu Para Nos Libertar Deste Mundo.

O verbo grego neste versículo é usado também em At. 7: 34 = referindo-se à libertação dos israelitas da escravidão egípcia; Atos 12: 11  à libertação de Pedro da prisão e das mãos do Rei Herodes e em Atos 23: 27 sobre a libertação de Paulo da multidão enfurecida que estava para linchá-lo. Este versículo em Gálatas é a única passagem em que o termo é usado metaforicamente para referir-se a salvação.

Cristo Morreu para nos libertar da antiga condição e nos transportar para uma nova condição, portanto, conversão cristã significa nova vida.

Cristo Morreu de Acordo Com Vontade de Deus.

Tudo acontece conforme a vontade de Deus. Na Cruz a vontade do Pai e a vontade do Filho estavam em perfeita harmonia.

O Desprezo ao Evangelho Pelos Gálatas (vs. 6).

A Palavra grega (metatithemi) utilizada para “passando” tão depressa, significa “transferir a fidelidade” = é usada com referência a soldados do exercito que se rebelam ou desertam, e a pessoas que mudam de partido na política ou filosofia.

Paulo os acusa de desertores espirituais, pois, estavam abandonando aquele que os chamara para a graça de Cristo e abraçando um outro evangelho, um evangelho de obras pregado pelos judaizantes.

Esses falsos mestres ensinavam o dever da circuncisão (At. 15: 1) e a observância de determinados aspectos da Lei para se obter a salvação, era como se o sacrifício de Cristo não fosse suficiente para nos salvar. Era necessário acrescentar nossas obras à obra de Cristo.

Paulo não tolera esse ensinamento. A obra de Cristo é uma obra acabada, e o evangelho de Jesus Cristo é o evangelho da graça.

O apóstolo é contundente em sua afirmação, ele diz que afastar-se do evangelho da graça é o mesmo que afastar-se do Deus da Graça.

A Distorção do Evangelho Pelos Falsos Mestres (vs. 7).

Perturbar (tarasso) = significa sacudir ou agitar, esta perturbação era causada pela falsa doutrina.

Distorcer ou Perverter = eles estavam não apenas corrompendo o evangelho, mas realmente invertendo-o e quando se modifica ou fazem-se acréscimos ao evangelho, altera-se também o seu caráter. 

As Congregações gálatas haviam sido lançadas pelos falsos mestres a um estado de confusão: confusão intelectual de um lado e divisões do outro.

A Defesa Enérgica do Evangelho Pelo Apóstolo Paulo (vs. 8, 9).

Paulo fica indignado com os falsos mestres, sobre os quais ele anuncia uma solene maldição: (vs. 8, 9).

A palavra utilizada por anátema era usada para indicar banimento divino, a maldição de Deus sobre qualquer coisa ou pessoa que ele destinasse a destruição. Paulo expressa o desejo de que o juízo de Deus recaia sobre eles.

A maldição de Deus que Paulo invoca repousa sobre todo e qualquer mestre que distorça a essência do evangelho.

No versículo 8, ele aplica especialmente a anjos e a homens, e então acrescenta a sua própria pessoa: “ainda que nós”.

Tão desinteressado é o zelo de Paulo pelo evangelho que ele até deseja que a maldição de Deus recaia sobre ele próprio, caso venha a perverte-lo.

APLICAÇÃO:

1.       Os falsos mestres estavam questionando a autoridade apostólica de Paulo, pois, queriam colocar em xeque sua pregação. Contudo, Paulo mostra que foi vocacionado por Deus através de Cristo para ser apóstolo e que tem as credenciais do apostolado. Hoje, não existe o ofício de apóstolo, esse título era restrito aqueles que foram chamados por Cristo durante o seu ministério terreno, incluindo ainda Paulo e Matias.

2.       O Deus Vivo operou em graça para nossa salvação. Deus alcança de forma livre e soberana pecadores perdidos que se reconhecem indignos de Salvação, pelo fato de não haver mérito no ser humano, a salvação é obra da graça divina.

3.       Tornar as obras necessárias a salvação, como fazem os falsos mestres, é o mesmo que desprezar a obra de Jesus Cristo (Gl. 2: 21). Afastar-se deste evangelho da graça é como se afastar do Deus da graça, é distanciar-se do evangelho verdadeiro.

CONCLUSÃO:

A história de Homer e Langley Collyer constitui uma triste, porém exata, parábola a respeito da maneira como muitos vivem na igreja contemporânea. Muitos crentes vivem de forma semelhante aos irmãos Collyer, desprezando as abundantes riquezas de uma herança que não se corrompe, exploram minunciosamente os escombros da sabedoria humana, colecionando lixo.

Como se as riquezas da graça de Deus não lhes bastassem, como se todas as coisas que conduzem a vida e a piedade não fossem suficientes, eles procuram complementar a Salvação que em Cristo, lhes pertencem.

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