quinta-feira, 29 de março de 2012

Qual a Relação entre a Lei e o Evangelho GÁLATAS 3: 15 – 22

INTRODUÇÃO:

Qual a relação entre a Lei e o Evangelho? Existe alguma ligação entre personagens do Antigo Testamento e Jesus Cristo? Qual o propósito da Lei de Deus?

São questionamentos que vamos responder observando o texto em apreço.

ELUCIDAÇÃO:

A forma como Paulo demonstra o projeto da salvação pela graça tem base no Antigo Testamento. Com o objetivo de compreendermos o seu raciocínio é necessário observar tanto a história quanto a teologia que se encontram por trás do seu argumento.

O Argumento Histórico

Quando Deus chamou Abraão lhe prometeu que a sua descendência seria numerosa, disse-lhe ainda que ele e seus descendentes seriam herdeiros de uma terra. Estas promessas feitas a Abraão, Deus as confirmou para o seu filho Isaque, e depois para seu neto Jacó. Porém, Jacó morreu fora da terra prometida, no Egito. Os doze filhos de Jacó morreram no exílio.

O versículo 17 fala de um período de 430 anos, o qual corresponde ao espaço de tempo entre Abraão e Moisés, mas também a escravidão no Egito.

Então, séculos mais tarde, Deus levantou Moisés, e através deste libertou os israelitas da escravidão e deu-lhe a Lei no Monte Sinai. Percebam a ligação entre Abraão e Moisés.

O Argumento Teológico

A forma como Deus trabalhava com Abraão e Moisés fundamentava-se em dois princípios distintos.

A Abraão Deus deu uma promessa. A Moisés concedeu uma Lei, resumida nos dez mandamentos.
A promessa apresenta: o plano de Deus, a graça de Deus e a iniciativa de Deus. Mas a Lei apresenta: o dever do homem, as obras do homem e a responsabilidade do homem. A promessa apenas precisava da fé. Mas, a Lei exigia obediência.
A conclusão a qual Paulo chega é que a fé cristã é a fé de Abraão, e não a de Moisés; da promessa e não da lei.

Contudo, não podemos colocar um contra o outro, Abraão e Moisés, a promessa e a lei. Como Deus é o Criador e Autor de ambas, Ele teve um bom propósito para ambas. Qual é então a relação existente entre a promessa e a lei?

1.      A Lei Não Anula a Promessa de Deus (vs. 15 – 18).

No Versículo 15, Paulo destaca que os desejos e as promessas expressos num testamento são inalteráveis. Certamente, o Apóstolo está se referindo a antiga lei grega, através da qual um testamento, uma vez confirmado, não podia ser revogado nem modificado.

Então, se um testamento humano não pode ser ignorado nem modificado, muito menos as promessas de Deus, que são imutáveis (vs. 17).

A que promessa divina o apóstolo está se referindo? A promessa que o Poderoso Deus fez a Abraão, de que a sua descendência seria numerosa e que herdaria a terra.

Portanto, Paulo compreende que a terra que fora prometida e a semente numerosa, eram em ultima análise espirituais, também com base no que disse Jesus: “E não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão” (Mt. 3: 9).

No versículo 16, O Apóstolo argumenta que o objetivo de Deus não era somente dar a terra de Canaã aos judeus, mas sim dar a salvação aos crentes que estão em Cristo. A expressão singular “semente” refere-se a Cristo e a todos que estão em Cristo pela fé.

Era essa a promessa de Deus, livre e incondicional, não havia obras a realizar, nem leis a obedecer, nem méritos a estabelecer, Deus simplesmente disse: “Eu lhe darei uma semente. A sua semente eu lhe darei a terra, e em sua semente todas as famílias da terra serão abençoadas”.

Conforme o versículo 18, Paulo está contradizendo os judaizantes, pois ele afirma que, se a herança provém de lei, anulamos a promessa graciosa de Deus. “Mas, foi pela promessa que Deus concedeu gratuitamente a Abraão”.  Perceba os termos: “concedeu gratuitamente”, a palavra original “kecharistai” enfatiza as duas coisas, que é um presente da graça e que foi concedido para sempre (tempo perfeito). Deus não volta atrás em sua promessa.

Sendo assim, qualquer pessoa que coloca sua confiança em Jesus Cristo crucificado para salvação, recebe pela graça, a vida eterna, herdando a promessa que Deus fez a Abraão.

PROPOSIÇÃO: Qual é então a relação existente entre a promessa e a lei?

2.      A Lei Ilumina a Promessa de Deus e a Torna Indispensável (vs. 19 – 22).
Paulo explica a verdadeira função da lei de Deus em relação à promessa, através de duas perguntas retóricas:

Primeira pergunta: Qual é a razão de ser da lei? (vs. 19 e 20) = É provável que esta era a pergunta dos judaizantes, acusando Paulo de excluir Moisés e a Lei.
Mas, o apóstolo tinha sua resposta preparada: “Foi adicionada por causa das transgressões” (vs. 19). A função da lei não era conceder salvação, mas conscientizar o homem da necessidade desta. Pois, Paulo diz em Romanos: “pela lei vem o pleno conhecimento do pecado”, e, “ eu não teria conhecido pecado se não por intermédio da lei” (Rm. 3:20; 7: 7).

Quando o pecador é confrontado com a lei de Deus, ele percebe que está perdido, e que precisa de um salvador. Então, vejamos o complemento do versículo 19: “até que viesse o descendente a quem se fez a promessa”. A lei olhava para Cristo, a semente de Abraão, como a pessoa através de quem a transgressão seria perdoada.

No final do versículo 19 e verso 20, o apóstolo está argumentando sobre a superioridade da aliança que Deus fez com Abraão em comparação a Aliança com Israel no Monte Sinai.
Pois, Moisés foi mediador entre Deus e Israel quando Deus estabeleceu a sua aliança com Israel no Monte Sinai. A promessa dada a Abraão não precisou de mediador, por isso, é superior a aliança do Sinai.

Segunda Pergunta: É, porventura, a lei contrária as promessas de Deus? (vs. 21, 22). Parece-nos que esta era a pergunta de Paulo aos judaizantes. Ele está os acusando de fazer a lei contradizer o evangelho, as promessas de Deus.

O ensino judaizante era: “guarde a lei e você terá vida”, o problema é que ninguém guardou integralmente a lei de Deus, se alguém conseguisse guardar, então a salvação seria mediante a obediência da lei, é isso que Paulo argumenta no versículo 21 b.

Sendo assim, como é possível estabelecer uma conexão entre a lei e a promessa? Observando que os homens herdam a promessa porque não conseguem guardar a lei, e, essa incapacidade torna a promessa desejável e indispensável.

“Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, a fim de que a promessa, que é pela fé em Jesus Cristo, fosse dada aos que creem” (vs. 22).

CONCLUSÃO:

 Qual a relação entre a Lei e o Evangelho? Existe alguma ligação entre personagens do Antigo Testamento e Jesus Cristo? Qual o propósito da Lei de Deus?

Então, no texto que analisamos percebemos que a relação entre lei e evangelho (prefigurado na promessa do descendente) é real e intrínseca. Observamos essas verdades nos personagens que foram citados pelo apóstolo Paulo, indicando assim, que a Bíblia não é um emaranhado de ideias perdidas e desconexas, a Bíblia é uma unidade harmoniosa que mostra o plano soberano da graça de Deus através de Jesus Cristo.

Entendemos ainda, que a Lei de Deus, mostra o quanto somos pecadores e desobedientes, e portanto, necessitamos urgentemente de um salvador, que é Jesus Cristo, a semente de Abraão, que assumiu o nosso pecado na cruz e trouxe-nos salvação.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Fé ou Obras -Gálatas 3: 10 – 14

INTRODUÇÃO:

A questão que vamos analisar hoje é a seguinte: como é possível uma pessoa desfrutar do perdão e comunhão com Deus?

Nos termos que o apóstolo Paulo utiliza: como é possível um pecador ser justificado e receber vida eterna?

Os versículos que lemos nos oferecem a resposta, clara e inequívoca. Vamos considerar as duas respostas alternativas que têm sido dadas a nossa pergunta. Depois veremos como uma é falsa e a outra verdadeira.

ELUCIDAÇÃO:

Paulo faz duas citações do Antigo Testamento, no versículo 11 “O justo viverá pela fé” (Hc. 2: 4) e no versículo 12 “aqueles que observar os seus preceitos por ele viverá” (Lv. 18: 5). As duas prometem vida eterna.

A primeira promete vida ao crente a segunda ao praticante. A primeira faz da fé o caminho da salvação; a segunda das obras.

Estas são as duas opções. Qual é a verdadeira? O homem é justificado pela fé ou pelas obras? Recebemos a vida eterna crendo ou fazendo?  É o que observaremos agora.

1.       A Alternativa Das Obras (vs. 10).

Esta é outra citação do A.T (Dt 27: 26), percebamos que Paulo está ensinando com base no Antigo Testamento. No verso em apreço há uma declaração de uma solene maldição sobre todos os que fracassam na guarda de todos os mandamentos da Lei.

Então, a desobediência nos coloca sob a maldição de Deus e nos expõe às penalidades do seu justo julgamento.

“Todos quantos, são das obras da lei estão debaixo de maldição”, nessa afirmação, o apóstolo Paulo está declarando que até mesmo os judaizantes estão sob essa condição, “Pois, todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm. 3: 23).

Por isso, nenhum homem pode ser justificado diante de Deus pelas obras da lei. E sobre a declaração do verso 12: “aquele que observar os seus preceitos por eles viverá”, o problema é que, com exceção de Jesus Cristo, todos falharam em guardar a lei.

Portanto, não há justificação nem vida nesse caminho, mas apenas trevas e morte. A nossa compreensão deve ser a mesma de Paulo: “É evidente que pela lei ninguém é justificado diante de Deus” (vs. 11).

2.       A Alternativa da Fé (vs. 13, 14).

A segunda alternativa apresenta Jesus Cristo. Ela nos diz que na cruz Jesus Cristo fez por nós o que não poderíamos fazer por nós mesmos.

Ele nos remiu, nos resgatou e nos libertou da horrível condição de servidão à qual nos conduzira a maldição da lei.

“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (vs. 13).

A maldição da lei da qual Cristo nos resgatou é a mesma que repousa sobre nós por causa da nossa desobediência. A maldição foi transferida de nós para Ele. Jesus a colocou voluntariamente sobre si mesmo, a fim de nos libertar dela.

A parte final do verso 13: “Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” é uma citação de Dt. 21: 23, Todo criminoso condenado a morte e executado sob a legislação mosaica, geralmente por apedrejamento era colocado sobre uma estaca, como símbolo da rejeição divina.

Então, principalmente para os judeus, Jesus não era o Messias, pois, foi pendurado no madeiro, e esse fato tornou-se uma grande barreira para a fé deles. Contudo, Jesus não morreu pelos seus pecados, Ele se tornou maldição por nós.

“Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito”. (vs. 14).

Foi em Cristo que Deus agiu para nossa salvação, e portanto temos que estar em Cristo para recebe-la. Como resultado disso podemos estar “nele”, pessoal e vitalmente unidos com ele hoje.

Mas, como nos unimos a ele? A resposta é pela fé: “para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito”. 

Fé é tomar posse de Jesus Cristo pessoalmente, a fé alimenta-se de Cristo, ele é o pão da vida; a fé olha para Cristo, que foi levantado na cruz.

CONCLUSÃO:

Paulo coloca diante de nós as duas alternativas. Ele nos fala de dois destinos e de dois caminhos.
Aqueles que querem andar segundo as suas obras, pensando que conquistarão o favor de Deus pelos seus méritos estão perdidos, são malditos, serão rejeitados por Deus, pois, a obediência humana é imperfeita e incompleta.

Aqueles que depositam fé no sacrifício de Jesus Cristo, desfrutam da bênção de Abraão, que inclui a justificação (colocado no favor de Deus), vida eterna (recebido na comunhão com Deus) e o Espírito (regenerado e habitado por ele), essas são as gloriosas bênçãos do crentes em Jesus.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Exposição de Gálatas 3: 1 – 9


INTRODUÇÃO: No referido texto, Paulo volta-se aos Gálatas por causa da infidelidade deles para com o evangelho como consequência da influência corruptora dos falsos mestres.

 Nos versículos 1 e 3, os crentes da Galácia são chamados de insensatos ou loucos, mas o que eles fizeram que levou o apostolo Paulo a se queixar da ausência de bom senso deles e perguntar se foram enfeitiçados? A resposta é: eles aceitaram a doutrina dos judaizantes.

Tendo abraçado a verdade no começo, agora adotaram a opinião de que a circuncisão e as obras da lei também são necessárias para a justificação.

A revolta de Paulo se explica, principalmente porque os gálatas haviam recebido o evangelho da salvação pela graça e justificação pela fé, então eles tinham esta compreensão inicial.

Com o propósito de fazê-los voltar a este entendimento original, Paulo argumenta sobre a experiência dos gálatas (vs. 2 – 5) e depois fala sobre o claro ensino das Escrituras Vetero Testamentária (vs. 6 – 9).

1.      O Argumento da Experiência dos Gálatas (vs. 2 – 5).

Conforme os versículos 2 e 5 = Paulo presume que os irmãos da Galácia tenham recebido o Espírito Santo. Paulo acredita que foi assim que a vida cristã deles começou.

Por isso, Paulo questiona: “recebestes o Espírito por obras da lei ou pela pregação da fé” (vs. 2). Ou seja, uma coisa ou outra. Não são dois lados de uma mesma moeda, ou interpretações distintas de um mesmo cristianismo. Pelo menos na esfera da justificação, o estabelecimento da Lei significa abolição do Evangelho. A Lei exige obras humanas, o evangelho exige fé na obra de Jesus Cristo.

De acordo com versículo 5, quando Paulo visitou a Galácia, Deus concedeu o Espirito Santo aos Gálatas e operou milagres por meio do apostolo. A questão é a mesma: “como Deus operou estes milagres?” e a resposta é a mesma: “não por obras da Lei, mas pela pregação da fé”.

Deus lhes concedeu o Espírito porque eles creram no evangelho, sendo estes os fatos de sua experiência, então, por que voltar as obras da Lei para a salvação?

2.      O Argumento das Escrituras do Antigo Testamento (vs. 6 – 9).

A referência que Paulo faz a Abraão no vs. 6 é um golpe de mestre, pois os judaizantes consideravam Moisés o seu mestre. Então, Paulo volta alguns séculos atrás na história de Israel e fala sobre Abraão.

A citação do vs 6 é uma referência a Gênesis 15: 6 = Abraão estava velho e não tinha filhos, mas Deus lhe prometera um filho, e até mesmo uma posteridade. Num determinado dia Deus chamou Abraão para fora de sua tenda, mostrou-lhe as estrelas do céu e declarou que assim seria a sua posteridade, Abraão creu na promessa e isso lhe foi imputado para justiça.

Então, Abraão foi aceito como justo pela fé. O argumento de Paulo é que Abraão não fez nada para merecê-lo, ele simplesmente teve fé na promessa de Deus.

Nos versículos 7 a 9 = Paulo passa a uma promessa mais recente, ele cita Gênesis 12: 3 – E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra”.

Que seria essa que todas as famílias da terra haveriam de herdá-la? R. A justificação.

Vejamos o versículo 8 = Abençoar e justificar são termos equivalentes, e o meio pelo qual a bênção seria herdada era a fé. Então, os verdadeiros filhos de Abraão não são a sua descendência física, mas os homens e mulheres que partilham de sua fé nas promessas de Deus, os crentes em Cristo.

Os gálatas jamais deveriam ter se distanciado destas verdades, eles desviaram seu olhar do Cristo crucificado e deram ouvidos aos judaizantes.

CONCLUSÃO: E quanto a nós, quais as lições que a experiência dos gálatas nos trazem?

1.      Não Devemos Desviar o Nosso Olha do Cristo Crucificado.

Precisamos compreender que a obra de Cristo na Cruz do Calvário é de fundamental importância para nossa salvação. Jesus Cristo entregou-se para solucionar o maior de nossos problemas, o pecado.
Olhando para Cristo e sua cruz, devemos depositar a nossa confiança Nele e receber a salvação pela fé naquele sacrifício substitutivo.

2.      Devemos Nos Apropriar Das Bênçãos Que Cristo Alcançou Para Nós.

Conforme o texto que analisamos, Jesus Cristo alcançou a justificação e a salvação para nós. Quando olhamos com fé (conhecimento, convicção e confiança) para Jesus Cristo, Ele nos Justifica e nos concede o dom do Espírito (salvação). Então, todos os que são justificados recebem o Espirito e todos que recebem o Espírito são justificados. Devemos nos apropriar destas bênçãos e a cada dia glorificar a Deus por elas, que O Bondoso Senhor nos abençoe!

segunda-feira, 5 de março de 2012

A Justificação pela Fé -Gálatas 2: 15 – 21

INTRODUÇÃO:

O saudoso servo de Deus John Stott fez a seguinte declaração: “Ninguém Jamais pode entender o cristianismo, sem entender a palavra justificado”.
Para Martinho Lutero a justificação pela fé “é a verdade do evangelho. É também o ensino principal de toda a doutrina cristã, em que consiste o conhecimento de toda piedade. Portanto, é mais do que necessário que conheçamos e ensinemos esta doutrina”.

ELUCIDAÇÃO:

No texto que lemos Paulo faz referencia a uma palavra muito importante que aparece pela primeira vez em Gálatas. Ela é fundamental na mensagem das epístolas, central no evangelho e indispensável ao cristianismo.

Neste parágrafo, o apóstolo dos gentios fala sobre a grande doutrina da justificação pela fé. Precisamos entender que justificação é o oposto de condenação e diz respeito a ação graciosa de Deus que através do sacrifício de Jesus Cristo na cruz perdoa o pecador e o torna justo .

O ponto de conflito no referido texto é que os judaizantes argumentavam a favor de uma justificação pelas obras da lei, enquanto que Paulo defende a justificação pela fé na obra de Jesus Cristo na cruz do Calvário.

Qual das duas opiniões está correta? É o que iremos descobrir agora com base no texto lido. Com este propósito iremos analisar o contraste entre o ensino dos judaizantes, da justificação pelas obras da lei, e a doutrina dos apóstolos, da justificação mediante a fé.

1. Justificação Pelas Obras da Lei.

Os judaizantes acreditavam que podiam ser justificados pelas obras da lei, ou seja, pela obediência exata aos dez mandamentos e também aos aspectos cerimoniais da lei mosaica.

Defendiam que a única maneira de ser justificado é através do trabalho duro, é preciso se esforçar.

Sendo assim, conseguindo obedecer fielmente, o ser humano terá conseguido a aceitação de Deus e a justificação pelas obras da lei.

Porém, esta compreensão é enganosa, conforme o versículo 16, em tempo algum alguém foi justificado pelas obras da lei, ninguém jamais conseguiu obedecer a lei de maneira perfeita, exceto Cristo.

Podemos até cumprir algumas exigências da lei por algum momento, mas não conseguimos cumprir toda a lei de Deus o dia todo.

Na verdade se verificarmos nossas motivações descobriremos que já transgredimos toda a lei de Deus, pois Jesus disse que a ira nos transformam em homicidas e que pensamentos impuros nos transformam em adúlteros. Por isso, que a Bíblia nos diz: “o homem não é justificado por obras da lei”.

O que me surpreende é que alguém possa imaginar que pode aproximar-se de Deus e chegar ao céu dessa maneira.

2. Justificação Pela Fé Em Jesus Cristo.

A segunda alternativa Paulo chama de justificação pela fé em Jesus Cristo. Ele veio ao mundo para viver e morrer. Na sua vida, Jesus obedeceu perfeitamente a lei de Deus. Na sua morte ele sofreu pela nossa desobediência e pecados.

Portanto, tudo o que precisamos para ser justificados é reconhecer o nosso pecado e a nossa incapacidade e colocar toda a nossa confiança em Jesus Cristo para que sejamos salvos.

A fé em Jesus Cristo é uma compreensão intelectual, mas também um compromisso pessoal.

3. O Contra-argumento dos Judaizantes.

Nos versículos 17 e 18, é provável que os críticos de Paulo estivessem argumentando que a justificação pela fé enfraquecesse a responsabilidade de uma boa conduta moral do homem.

O apóstolo diz: “certo que não”, ele nega a alegação imediata de que era culpado de tornar Cristo ministro de pecado. Pelo contrário, ele prossegue, a mim mesmo me constituo transgressor (versículo 18). Em outras palavras, se depois de ter sido justificado continuo pecando, a falta é minha e não de Cristo, eu sou o único culpado.

Paulo continua a rebater seus críticos, percebam que eles estão afirmando que a justificação pela fé conduz a uma vida de pecado.

A compreensão dos judaizantes é inadequada e inadmissível. Pois, nos diz a Palavra de Deus que a justificação é em Cristo, e uma pessoa que foi unida a Cristo pela fé nunca mais será a mesma pessoa, ela é transformada.

Agora Paulo passa a apresentar esta espantosa mudança que acontece com a pessoa que é justificada em Cristo.

Vejamos os versículos 19 e 20, é a morte e a ressurreição de Cristo que nós compartilhamos, ou seja, quando nos unimos a Cristo em sua morte, nossa vida antiga acaba; portanto, é absurdo sugerir que podemos retornar a ela.

Além disso, ressuscitamos para uma nova vida, em que Cristo vive em nós e nos concede novos desejos nos conduzindo também a santidade.

4. A Argumentação Lógica de Paulo Contra os Judaizantes (vs. 21).

Os dois alicerces da fé cristã são a graça de Deus e a morte de Cristo. O evangelho cristão é o evangelho da graça de Deus, a fé cristã é a fé do Cristo crucificado.

Assim, se alguém insiste em que a justificação é pelas obras e que é possível alcançar a salvação por esforço próprio está negando os fundamentos de religião cristã. Quem assim procede está recusando a graça de Deus, está dizendo que Jesus Cristo não deveria ter-se dado o trabalho de morrer, pois se nós somos donos de nosso próprio destino e podemos nos salvar a nós mesmos, qual o  objetivo da morte de Cristo?

CONCLUSÃO:

Com base no que ouvimos hoje, quero concluir enfatizando quatro verdades:

1. A Maior Necessidade do Homem é a Justificação.

Comparadas a esta, todas as outras necessidades perdem qualquer significado.

2. A Justificação Não é Pelas Obras da Lei, Mas Pela Fé em Cristo.

O evangelho me ensina que Jesus Cristo foi crucificado para que eu fosse justificado perante Deus.

3. Não confiar em Jesus Cristo Para a Salvação é um Insulto a Graça de Deus e a Cruz de Cristo.

Quando confiamos em nós mesmos, estamos negando a Palavra de Deus, pois a mesma declara que não podemos ser justificados por obras da Lei.

4.Confiar em Jesus Cristo, Sendo Unido a Ele é Começar Uma Vida Totalmente Nova.

A justificação em Cristo coloca-nos numa posição privilegiada, agora somos novas criaturas, com novos padrões e desejos.